CENTRAL DO BRASIL

Equador: candidatos de direita devem herdar votos de Villavicencio, avalia pesquisadora

Os outros nomes em disputa defendem menor intervenção do Estado e mais repressão policial contra o crime

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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O candidato era aliado político de Guillermo Lasso, atual presidente do país - Rodrigo Buendia / AFP

A pesquisadora equatoriana do Instituto Tricontinental, Pilar Troya, acredita que os votos construídos por Fernando Villavicencio, candidato a presidente do partido Construye assassinado na última quarta-feira(10), em Quito, devem migrar para os outros dois candidatos que mais representam os valores da direita e da extrema direita no país. 

Mesmo com a chapa indicando um substituto para a vaga de Villavicencio, Pilar acredita que haverá uma espécie de movimento entre o eleitorado para os outros postulantes similar ao "voto útil" aqui no Brasil, em que os eleitores tendem a votar nos candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto, e não naqueles que representam melhor o seu ponto de vista. 

O Construye, partido pelo qual Villavicencio concorria às eleições, definiu neste final de semana o nome do substituto: será o jornalista Christian Zurita, que se notabilizou também por uma série de reportagens sobre supostos casos de corrupção no governo de Rafael Correa. 

"[Christian Zurita] é uma figura conhecida, alguns votos deveriam migrar para ele, mas se as pessoas vão na lógica do voto útil é mais provável que estes votos vão para Otto Sonnenholzner, que foi vice-presidente de Moreno e se demitiu na metade do mandato, mas ele é co-responsável pela redução dos gastos do Estado, de redução da intervenção do Estado e, por isso, responsável pelas consequências do que vimos agora. E uma parte desses votos também poderia ir para o Partido Social Cristão, que tem uma espécie de Bukele equatoriano, que mantém a mão-dura contra os bandidos", sinalizou. 

Pilar participou ao vivo do programa Central do Brasil desta segunda-feira (14) e analisou, além do contexto político envolta do assassinato de Villavicencio, a escalada da violência no Equador, inclusive envolvendo outros dois políticos que disputavam as eleições locais mais recentes.

Pilar citou a expansão do crime organizado na fronteira com a Colômbia e como  "guinada à direita do governo Moreno" fez com que os recursos para segurança pública fossem reduzidos. 

Villavicencio foi assassinado com três tiros na última quinta-feira (10) ao deixar um comício. Seis suspeitos colombianos seguem presos enquanto as investigações se desenrolam. Há suspeitas de ligação com o crime organizado. 

A violência aumentou muito no Equador nos últimos anos, especialmente desde que governos liberais assumiram o comando do país, a partir de 2017. Como não há pesquisas de intenção de voto confiáveis no país, também não há como cravar o desempenho eleitoral que era esperado de Villavicencio. Analistas da política equatoriana acreditam que ele não estaria entre os três primeiros colocados. 

A entrevista completa com a pesquisadora Pilar Troya sobre a conjuntura atual do Equador está disponível no YouTube do Brasil de Fato



E tem mais! 

Nada a temer 

João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, fala sobre CPI contra o movimento na Câmara dos Deputados e diz que não há nada a temer sobre o depoimento dele previsto para esta terça-feira(15), na Comissão. Stedile será ouvido como convocado. 

Guerra Marítima 

A saída unilateral da Rússia do acordo de grãos foi seguida de ataques a portos ucranianos, o que aumentou a insegurança no Mar Negro. Com isso, a guerra da Ucrânia pode estar em uma nova etapa com uma ampliação dos confrontos para um front "marítimo".

O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras espalhadas pelo país. 


 

Edição: Thalita Pires