CUBA - EUA

Campanha para tirar Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo quer coletar 1 milhão de assinaturas

Objetivo é pressionar o presidente dos EUA, Joe Biden, a revogar decisão de seu antecessor Donald Trump

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Biden deveria retirar Cuba da lista porque sanções unilaterais são ilegais e desumanas, segundo o ex-presidente colombiano Ernesto Samper - WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Em 2015, durante a gestão de Barack Obama, os Estados Unidos retiraram Cuba da sua lista de países patrocinadores do terrorismo, que sujeita os membros a sanções e prejudica relações comerciais. Era uma época em que o governo estadunidense ensaiava uma aproximação com o regime de Havana.

Mas os republicanos voltaram a incluir Cuba na lista em 2021, durante o governo de Donald Trump. Reverter novamente essa decisão é o objetivo de uma campanha que envolve artistas, intelectuais, lideranças políticas, movimentos populares, sindicatos e partidos de todo o mundo.

Lançada na última sexta-feira (11), a campanha busca conseguir um milhão de assinaturas para uma carta que será entregue ao presidente dos EUA, Joe Biden, em 10 de dezembro, durante uma mobilização ao redor do Dia Internacional dos Direitos Humanos. A missiva argumenta que a inclusão nessa lista “torna ainda mais difícil para Cuba realizar transações usando sistemas bancários internacionais e, em última análise, adquirir bens necessários no mercado internacional, como combustível, alimentos, materiais de construção, produtos de higiene e medicamentos”.

Para saber mais e assinar a carta, acesse o site da campanha CubaVive.info, que reúne todas as informações sobre o processo.

“A retirada imediata de Cuba da lista seria um ato de justiça. Justiça a um povo e uma nação que lutaram muito para conquistar sua soberania nacional, para conquistar um mínimo de justiça social em seu território”, afirma Marcelo Buzetto, coordenador, pela Assembleia Internacional dos Povos, da Campanha Cuba Vive e Resiste.

Cuba, diz ele, ameaçou os interesses geopolíticos do governo estadunidense ao realizar a Revolução, em 1959, fato que levou os Estados Unidos a buscarem sabotar esse processo de várias formas, sem falar na manutenção da base militar de Guantánamo, “uma base ilegal para a qual inclusive os EUA levaram prisioneiros de maneira ilegal”.

Por isso, segundo Buzetto, o governo dos EUA “não tem moral nenhuma para querer acusar ou criar lista de países que eles dizem que patrocinam o terrorismo”. Isso sem falar do “vínculo orgânico dos EUA com uma série de organizações reconhecidamente terroristas”. “Vejam o que os EUA fizeram no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria. Desencadearem guerras a partir de mentiras e criaram destruição. Estimularam inclusive a criação de grupos terroristas para atacar governos, Estados”.

Signatários ilustres

Já assinaram a carta Chico Buarque, Judith Butler, pesquisadora feminista, João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Citlalli Hernández, senadora e secretária-geral do partido mexicano Morena, Peter Mertens, presidente do Partido dos Trabalhadores da Bélgica, Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, e Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, entre outras personalidades.

“Biden deveria retirar Cuba da lista, porque entendeu com o presidente Obama que as sanções unilaterais em nível internacional são ilegais, imorais e desumanas, e é por isso que eles iniciaram um processo histórico de normalização das relações entre os dois países que poderia ter sido o início do fim do bloqueio”, argumentou Samper.

Coreia do Norte, Irã e Síria são os três outros países tachados atualmente de patrocinadores do terrorismo pelos Estados Unidos.

Edição: Rodrigo Durão Coelho