MERCENÁRIO

Rússia confirma morte de líder do Grupo Wagner, Yevgueny Prigozhin, em acidente aéreo

Antigo aliado de Moscou, ele acusou o governo russo de ataques a seu grupo durante a Guerra na Ucrânia

Brasil de Fato | Rio de Janeiro |

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Destroços do acidente aéreo que matou o líder do grupo Wagner - Reprodução

A Agência Russa de Transporte Aéreo confirmou que Yevgeny Prigozhin estava a bordo do avião que caiu na região de Tver nesta quarta-feira (23). Assim, a morte do chefe do Grupo Wagner, que estava em ritmo de colizão com o governo da Rússia, foi oficialmente confirmada. 

Além dele, a morte de ao menos outro comandante do grupo, Dmitry Utkin, foi confirmada. 

O jato executivo da Embraer, de propriedade de Prigozhin, caiu perto da vila de Kuzhenkino, na região de Tver, na noite desta quarta-feira (23). De acordo com dados preliminares do Ministério para Situações de Emergência da Rússia, 10 pessoas morreram: sete passageiros e três tripulantes. O avião voava de Moscou para São Petersburgo.


"Estamos salvando a Rússia", afirmou Yevgeny Prigozhin para outro combatente do grupo Wagner em vídeo divulgado neste sábado (24) / AFP PHOTO / Telegram channel of Concord group

O canal da rede Telegram da Grey Zone, ligado ao Grupo Wagner, publicou que o avião de Prigozhin foi abatido por defesa aérea. Não há confirmação oficial desta informação.

"O chefe do Grupo Wagner, Herói da Rússia, um verdadeiro patriota de sua terra natal, Yevgeny Viktorovich Prigozhin, morreu como resultado das ações de traidores da Rússia”, diz o canal.

Desaparecido

 

Prigozhin era um forte aliado de Moscou durante os primeiros meses da guerra na Ucrânia. Mas desde o fim da rebelião em 26 de junho, na qual Prigozhin anunciou uma "marcha para Moscou", o destino do Grupo Wagner e, sobretudo, do seu fundador Yevgueny Prigozhin, ficou em suspeita.

Não só por estar com paradeiro desconhecido - foram relatadas aparições pontuais na Rússia, e mais recentemente na África -, mas principalmente pelo degaste com o Kremlin. 

Saiba quem é o russo Yevgueny Prigozhin, líder da força paramilitar Grupo Wagner ::

Ao iniciar o motim contra Moscou, ele acusou o Ministério da Defesa da Rússia de ataques contra seus batalhões de mercenários. O governo negou as acusações. 

Em 24 de junho, Putin classificou a rebelião do Wagner como "traição" e disse que "quaisquer ações que quebrem nossa unidade" são "uma punhalada nas costas de nosso país e de nosso povo". 

Dois dias depois o líder russo fez outro pronunciamento em caráter de urgência, afirmando que os combatentes do Wagner poderiam fechar contrato com as forças regulares do Exército russo ou "ir para Belarus". Ele não mencionou o nome de Prigozhin em nenhuma das declarações.

No dia seguinte, o porta-voz do presidencial russo, Dmitry Peskov, disse aos repórteres que a garantia de que Prigozhin seria capaz de deixar a Rússia e "ir para a Belarus" era a palavra do presidente russo.

Em 10 de julho, foi relatado que Yevgueny Prigozhin se reuniu com Vladimir Putin em 1º de julho no Kremlin junto com outro combatentes do Wagner. Dmitry Peskov confirmou esta informação.

A última aparição dele em um vídeo gravado foi no último 21 de agosto na África, em que Prigozhin fala sobre a realização de tarefas no contintente africano. "Um pesadelo do ISIS (Estado Islâmico), da Al-Qaeda e de outros gangsters. Contratamos verdadeiros heróis e continuamos a cumprir as tarefas que nos foram definidas e que prometemos que iríamos cumprir", disse Prigozhin. O local onde o vídeo foi filmado não foi especificado.

Edição: Rodrigo Durão Coelho