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Mauro Cid se nega a responder perguntas na CPI dos Atos Antidemocráticos do Distrito Federal

Reunião desta quinta-feira (24) também aprovou requerimento para ouvir o hacker Walter Delgatti

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Em depoimento, Mauro Cid se limitou a falar de sua carreira militar no Exército - CLDF/Divulgação

Mesmo diante de diversas acusações, o tenente-coronel do Exército Mauro César Barbosa Cid decidiu ficar em silêncio e não responder às perguntas durante o depoimento nesta quinta-feira (24) da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) foi duramente questionado pelos deputados progressistas, mas manteve o silêncio. 

No início do depoimento, Cid narrou as atividades que realizou nos 27 anos no Exército e destacou que o cargo que ocupou como ajudante de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro foi uma função técnica. "Essa função é exclusivamente militar, conforme a regulamentação do decreto 10.374 de 2020. Ademais, a minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política", afirmou o depoente.  

O primeiro a questionar Cid foi o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), que perguntou sobre a participação nos supostos crimes que pairam sobre a família Bolsonaro e também sobre a tentativa de golpe, mas o depoente optou por ficar em silêncio. "O silêncio do senhor foi bastante elucidativo para todos nós", afirmou Vigilante, destacando a possibilidade de Cid perder a patente no Exército caso seja condenado no suposto esquema para venda de joias.

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O deputado Fábio Félix (PSOL) iniciou a inquisição questionado se Cid foi orientado pelo Exército a utilizar farda durante a depoimento e o depoente não respondeu. "Há uma discussão na sociedade sobre qual é o papel institucional das forças armadas", disse Félix destacando que o depoente está preso e que o fato dele prestar depoimento fardado fomenta a discussão sobre a separação entre indivíduo e instituição.

O deputado do PSOL fez uma série de questionamentos que não foram respondidos por Cid e por isso focou na discussão sobre a responsabilidade de militares do Exército na tentativa de golpe. "Cada setor da sociedade tem sua responsabilidade. Cada instituição, como a Polícia Militar do DF tem sua responsabilidade, mas é preciso que se apure também a responsabilidade do Exército, não como instituição, mas daqueles atores que estavam posicionados e isso também precisa ser apurado", defendeu Félix. 

O deputado Gabriel Magno (PT) mostrou alguns vídeos e áudios para contrapor a fala inicial de Cid de que era apenas um ajudante de ordens do ex-presidente. "Bolsonaro disse várias vezes, Mauro Cid, o senhor era o homem de confiança do presidente. Tinha relações pessoais e políticas. Então não cola sua tese de que sua função era apenas protocolar", afirmou Magno, destacando que o depoente sabia e compactou com as suspeitas de crimes das joias e a tentativa de golpe. 

Hacker da Lava Jato

A CPI dos Atos Antidemocráticos aprovou nesta quinta-feira (24) o requerimento para convocar Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Lava Jato, que em depoimento à CPMI no Congresso disse diz que Bolsonaro pediu para ele assumir grampos contra Alexandre de Moraes.

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O autor do requerimento, o deputado Gabriel Magno, justificou que um dos objetivos da CPI é investigar as ações preparatórias dos atos realizados no dia 8 de janeiro.

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Márcia Silva