Distrito Federal

Centro pra quem?

Organizações lançam manifesto contra privatização das áreas centrais de Brasília

Mobilização repudia entrega da Rodoviária do Plano Piloto, Conic, SCS e Galeria dos Estados para iniciativa privada

Brasil de Fato | Brasília (DF)  |
Rodoviária do Plano Piloto faz parte do plano de privatização - Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Organizações e ativistas que atuam pela revitalização cultural do centro de Brasília lançam um manifesto e coletam assinatura em um abaixo-assinado online contra a privatização da Rodoviária do Plano Piloto, Conic,  Galeria dos Estados, Setor Comercial Sul (SCS) e os espaços que estão prestes a serem entregues à iniciativa privada por iniciativa do Governo do Distrito Federal.

“Eu já fui vendedora de flores na Rodoviária e sei da importância da manutenção desse local como espaço público”,  declarou Danielle Sanchez, que atua na articulação do movimento ‘Centro pra quem?’, que reúne organizações e ativistas contra a privatização do centro de Brasília.

De acordo com Danielle, a meta inicial do abaixo-assinado lançado na quarta-feira (30) é de alcançar 500 assinaturas, mas já contava com 300 no fechamento desta matéria. Segundo ela, ao longo de todo mês de setembro haverão novas metas e uma forte mobilização contra a privatização. 

“Nós queremos uma discussão verdadeira sobre esse projeto. Essas áreas são muito importantes para os comerciantes, os usuários de transporte público e para as áreas recreativas”, analisou Danielle Sanchez, destacando que a audiência pública que foi realizada pelo governo para discutir o assunto foi no meio da pandemia, o que impediu muitos de participarem. 

Uma das organizações que integra o movimento 'Centro pra quem?' é o Instituto No Setor, que promove projetos culturais na região da Galeria dos Estados. “O lugar recebe centenas de atividades ao longo de um ano, são festas, ensaios de fanfarras, feiras, campeonato de skate, tour de turismo, entre outras, que movimentam uma parte importante da economia criativa e do setor cultural”, ressaltou o coordenador-geral Rafael Reis. 

De acordo com ele existe uma grande preocupação sobre impacto da privatização nas atividades culturais que acontecem nessas áreas que o governo pretende privatizar. “Mas agora, a dúvida sobre o uso do espaço, caso seja concedido, paira sobre todos esses grupos”, acrescentou Rafael. 

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O ativista e historiador Guilherme Lemos, que pesquisa sobre o processo histórico de segregação entre brancos e negros em Brasília acredita que a privatização das áreas centrais deverá aprofundar esse processo. “Vai gerar intensificação da especulação imobiliária, gentrificação do centro e restrição para circulação de pessoas pobres, pretas e periféricas nesses locais”, analisou. 

Privatização do Centro 

No dia 25 de agosto houve uma Audiência Pública na na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para discutir a privatização da Rodoviária do Plano Piloto,  Galeria dos Estados, SCS e Conic. Na ocasião, o subsecretário de parcerias e concessões, Marco Antonio de Souza Bellini, garantiu que o projeto de Parceria Público Privado (PPP) dessas áreas está em fase final, após a autorização do Tribunal de Contas.

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Em julho, o projeto de privatização do governador Ibaneis Rocha para a Rodoviária do Plano ganhou aval do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Assim, o governo segue com os prosseguimento ao processo de concessão, que segundo o subsecretário de parcerias e concessões será de 20 anos. Mais de 650 mil pessoas passam pela Rodovia do Plano Piloto diariamente.

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Edição: Flávia Quirino