Apelo

Países da África Central condenam levante no Gabão

Comunidade Econômica dos Estados da África Central emitiu comunicado e pediu 'restauração da ordem constitucional'

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Painel publicitário do presidente deposto do Gabão, Bongo Ondimba, na capital do país - AFP

A Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC) expressou nesta quinta-feira (31/08) a sua “profunda preocupação”, apelando à "rápida restauração da ordem constitucional" após um levante militar depor o governo e tomar o poder no Gabão.

O grupo manifestou a sua forte condenação do “uso da força como meio de resolução de conflitos políticos e de acesso ao poder”, ressaltando que qualquer mudança inconstitucional de governo constitui “uma violação intolerável dos princípios fundadores da Comunidade”.

Por sua vez, destacou que a comissão da organização acompanha "de perto" a situação no país enquanto aguarda uma reunião entre chefes de Estado e de Governo do bloco, mas ainda sem data informada.

Assim, a CEEAC sublinhou a necessidade e importância de "uma análise adequada da situação política e de segurança no Gabão e uma decisão sobre o caminho a seguir" baseada no diálogo.

Levante militar

Um grupo de 12 militares do Gabão informou a tomada do poder no país na madrugada desta quarta-feira (30/08), dissolvendo as instituições do país (Governo, Senado, Assembleia Nacional, Tribunal Constitucional e Conselho Eleitoral) e anulando o resultado das eleições do último sábado (26/08) que reelegeram o então presidente Bongo Ondimba.

A decisão de remoção do presidente ocorreu após sua terceira reeleição, que concedia-lhe um novo mandato de cinco anos no país. Para os militares, ele não deveria ter direito de ser eleito mais uma vez.

O anúncio dos oficiais também ocorreu por meio do Gabon 24, informando que Ondimba havia sido deposto de seu cargo, mas que continuaria com todos os direitos civis. Após a deposição, o ex-presidente gravou um vídeo clamando por ajuda internacional para solucionar a situação política no país.

O ex-presidente está em prisão domiciliar no Palácio Presidencial, de acordo com os militares, mas alega que sua família não está no mesmo local. Por sua vez, a junta governista afirma que tanto seus parentes, quanto seus médicos, estão junto com Ondimba.

No entanto, a junta militar também informou que o filho e conselheiro próximo de Ondimba, Noureddin Bongo Valentin, foi preso por "alta traição" juntamente com outros seis membros próximos do chefe de Estado.

Bongo Ondimba, de 64 anos, estava na Presidência desde 2009, após a morte do seu pai, Omar Bongo, que governou a nação africana durante 41 anos sem interrupção. Omar foi o segundo presidente do Gabão após a independência da França, em 1960. Seu mandato ocorreu de 1967 a 2009, quando faleceu.

O grupo de militares que tomou o poder se autodenominou "Comitê para a Transição e Restauração das Instituições" e declarou ter o objetivo de acabar com a “contínua deterioração da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos”.

Após a tomada de poder, os militares nomearam um presidente para a transição do governo: General Brice Oligui Nguema. O ex-comandante-chefe da Guarda Republicana Gabonesa e primo do presidente deposto Ondimba pediu por "calma e serenidade", aprovando a ordem de reestabelecimento de linhas telefônicas por fibra ótica e dos sinais dos canais internacionais de rádio e televisão no Gabão.