Escrevivência

Escrever e Vivência: conheça missão e sonhos de projeto de Conceição Evaristo

Casa Escrevivência foi inaugurada em julho e pretende avançar com estruturas mais amplas

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A Casa Escrevivência pretende preservar acervo, apoiar pesquisas e fomentar leitura - Fernando Frazão/Agência Brasil
Livro parado não tem vida

A Cidade do Rio de Janeiro ganhou um novo espaço cultural, a Casa Escrevivência. Projeto da escritora e linguista Conceição Evaristo, a sede temporária fica no Beco João Inácio, na região portuária do Rio, local também conhecido como Pequena África.

O objetivo da Casa é manter o acervo artístico e livros da Conceição e também ser um local para pesquisa sobre a literatura negra. Conceição conta que a abertura da sede temporária é o início da realização de um sonho.

"Livro parado para mim não tem sentido, livro parado não tem vida, ele está sujeito a se perder com o tempo e o que dá sentido ao livro, o que materializa o que está escrito no livro é justamente quando esse livro é usado, quando esse texto é lido", diz.

Durante a noite de inauguração o beco João Inácio, assim como todo o Largo da Prainha, receberam uma multidão de fãs que queriam além de seus livros autografados e fotos com a escritora, conhecer o novo espaço. Um exemplo é Julya Sampaio, que é estudante de literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Ter a Conceição no lugar, além de mulher preta no lugar da literatura, é de uma maravilhosidade imensa. Olhar para as obras da Conceição e ver nossa representação, nossa história, nossa luta é maravilhoso”, conta. 

Já Aryelle Peres, também estudante da UFRJ, acredita que é um privilégio ter um espaço como a Casa Escrevivência. "Eu, como mulher preta não conhecia a Conceição Evaristo, conheci tem uns 4 anos na rua, a gente se esbarrou e a gente tem todo o contato até hoje e eu acho muito importante toda essa representação que ela traz", explica.

Proposta da Casa

Conceição Evaristo tem sete livros publicados, cinco deles traduzidos para o inglês, francês, espanhol e árabe. A escritora é uma das maiores influências literárias negras no Brasil e no mundo.

"Ter esse acervo cujo conteúdo tem essa referência africana, afro diaspórica, além de ser um local de preservação de memória, é um local também que oferece essa oportunidade para pesquisadores", conta Evaristo.

Além de pesquisadores, a escritora acredita que a Casa Escrevivência é um espaço para acolher as pessoas, acima de tudo, mas para isso, ainda é preciso conseguir um local maior para a sede.

"Agora nós estamos num momento de implantação, momento de jogar esse projeto na rua e brevemente nós vamos partir para apresentar propostas para órgãos fomentadores de cultura porque nós queremos comprar uma casa, precisamos de uma casa com sala, quartos, cozinha. Um dos nossos projetos é também acolher pesquisadores que venham de fora e possam dormir na própria casa", explica.

Conceição anseia que a Casa Escrevivência seja um espaço para formação de leitores e referência para todas as mulheres negras que nela se inspiram.

"Vai ser um polo que vai incentivar a pesquisa, e vai ser um polo que vai ter esse material que nós pretendemos catalogar, ter cuidados para preservação do livro e é um centro de memória, a começar pelo próprio espaço físico de estar situada aqui na Pequena África e também porque eu acho que forma uma rede porque aqui tem o Muhcab, tem o museu dos Pretos Novos. A Casa fortalece e semantiza esse lugar de memória negra", finaliza Conceição.

Acompanhe o projeto pelas redes sociais.

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Edição: Daniel Lamir e Mariana Pitasse