CENTRAL DO BRASIL

'A gente não pode falar de África no singular', diz idealizadora da Mostra de Cinemas Africanos

Proposta do evento é expandir a percepção do público brasileiro para a produção dos países africanos

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Filme 'No Cemitério do Cinema' ( França, Senegal, Guiné, Arábia Saudita) será exibido na terça-feira (12) - Divulgação/L'Image d'Après #01

A Mostra de Cinemas Africanos já está 6ª edição com o objetivo 'refinar' o olhar do público brasileiro sobre as principais produções audiovisuais africanas.

Neste ano, o evento, que começou na terça-feira (5), segue até a quarta-feira (13), em São Paulo (SP), com exibições no Cinesesc São Paulo e no Centro de Pesquisa e Formação. Em seguida, a programação vai para Salvador (BA), e fica em cartaz entre os dias 13 e 18 de setembro. 

Ana Camila Esteves, idealizadora e curadora da mostra, participou do programa Central do Brasil nesta sexta-feira (8). Ela falou sobre as exibições em destaque e sobre a proposta do espaço. Segundo ela, o objetivo essencial é abrir a percepção do público brasileiro para o que está acontecendo de mais recente e relevante na produção audiovisual dos países africanos

"A ideia foi sempre trazer para o Brasil filmes africanos contemporâneos. São filmes que a gente não têm acesso aqui no Brasil, que raramente passam dos festivais para o circuito comercial de cinema. A ideia foi trazer esses filmes para que pudéssemos ampliar esse repertório de cinema africano aqui no Brasil. A gente quer dar acesso a esses filmes para que eles passem fazer parte dos nossos hábitos', afirmou. 

Uma das principais frentes de atuação da mostra é defender a diversidade do continente e apresentar a riqueza cultural e estética dos cinemas africanos. 

"A gente não pode falar de África no singular. Não resolve a questão, porque todo continente tem experiências compartilhadas, experiências comuns. Então, falar de África não é necessariamente um problema. Mas, aqui no Brasil e em muitos outros países, existe esse imaginário de que África é uma coisa só. E a gente sabe que não. O continente africano tem mais de cinquenta países, ele é diverso em tudo", provocou. 

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Esteves faz essa ressalva para defender que a diversidade, a principio geográfica, também se estende para o modo de fazer de cinema. 

"A ideia de falar cinemas africanos, no plural, é para trazer logo de cara que a gente tá lidando com uma diversidade que está não só na questão regional, mas também na diversidade de estilos, de estética, de gêneros. Torna-se uma questão política também pautar o continente a partir dessa ideia do plural mesmo", concluiu. 

A Mostra de Cinemas Africanos reúne 29 filmes de 12 países diferentes. As sessões são gratuitas. Nesta edição, o festival traz três cineastas internacionais convidados: Alassane Diago (Senegal), Moussa Sène Absa (Senegal) e C.J. Obasi (Nigéria), que é diretor do filme que estreou no festival, no último dia 06, Mami Wata. A obra conta com a brasileira Lílis Soares na direção de fotografia.

A entrevista completa com a Ana Camila esteves está disponível na edição desta sexta-feira do Central do Brasil no canal do Brasil de Fato no YouTube 



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O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras. 

Edição: Geisa Marques