memória

Manifestações contra ditadura chilena são interrompidas por atos violentos de grupo encapuzado em Santiago

Atos seguiam pacificamente até o registro de ataque contra segurança do La Moneda e confronto com manifestantes

Redação | Recife (PE) |
Cerca de 50 pessoas encapuzadas e vestidas de preto interromperam a tradicional Marcha de la Romería, em Santiago, neste domingo (10) - PABLO VERA / AFP

A tradicional Marcha de la Romería, em Santiago, no Chile, foi interrompida neste domingo (10), por atos violentos de cerca de 50 pessoas encapuzadas e vestidas de preto. Realizada anualmente na véspera da data que marca o golpe contra Salvador Allende, em 1973, a caminhada normalmente segue no dia seguinte para homenagear mortes e desaparecidos pela ditadura que durou 17 anos no país.

A marcha deste ano lembra os 50 anos do golpe militar comandado pelo ditador Augusto Pinochet. De acordo com agências de notícias, os atos seguiam pacificamente, até que o grupo contrário atirou pedras e paralelepípedos contra o palácio presidencial La Moneda, quebrando seis janelas. Também foram registrados ataques com coquetéis molotov, deixando três agentes e um cachorro da polícia feridos.

Também ocorreram confrontos em outros pontos da capital chilena, como o Mercado Tirso de Molina e no Cemitério Geral, onde foi registrado confronto entre os manifestantes e o grupo encapuzado.

"Como Presidente da República, condeno categoricamente esses atos sem nenhum tipo de matiz. A irracionalidade de atacar aquilo pelo que Allende e tantos outros democratas lutaram é vil e mesquinha", escreveu o presidente Gabriel Boric, em sua conta na rede social X [antigo Twitter].

O vice-ministro do Interior, Manuel Monsalve, informou ao La Jornada, que cinco mil policiais estão destacados para salvaguardar todas as atividades comemorativas dos 50 anos do golpe militar. 

50 anos do golpe

Passado meio século do golpe que depôs Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973, os ecos daquele ato reacionário e violento, assim como da ditadura feroz e sanguinária que se apoderou do país por 17 anos (1973-1990), sob o comando de Augusto Pinochet, ainda se fazem ouvir na sociedade chilena.

As estatísticas são de domínio público, até porque foram reconhecidas pelo Estado depois que o rumo democrático foi retomado: mais de 3 mil assassinados e desaparecidos (sendo que 1.162 seguem desaparecidos até hoje), quase 40 mil presos e torturados. Sem falar nos exilados, estimados em mais de 200 mil. Mas essa herança antidemocrática e antidireitos pode ser observada em outras consequências menos notórias, menos quantificáveis e que, portanto, acabam se desenrolando com mais discrição na história recente do país.

Edição: Vivian Virissimo