violência

GCM de Porto Alegre ataca apoiadores de ocupação e atinge deputada do PT

Ação dos agentes ignorou presença do secretário de Habitação do município, que negociava com ocupantes

São Paulo |
A Brigada Militar tem cercado a ocupação desde cedo, com viaturas e grande efetivo de policiais - Levante Popular da Juventude/RS

A Guarda Civil Municipal (GCM) de Porto Alegre reprimiu violentamente apoiadores da ocupação "Rexistência", recém instalada na região central da capital gaúcha, organizada pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia. Vídeos mostram o momento em que os agentes lançam gás e disparam balas de borracha contra o grupo, que entrega marmitas aos ocupantes do prédio público. 

A deputada estadual Laura Sito (PT) estava no local e relatou ter sido atingida por balas de borracha. "Estávamos como Comissão de Direitos Humanos acompanhando a ocupação. O secretário da Habitação (do município) André Machado estava no local negociando, quando chegaram as marmitas, que seriam distribuídas. A GCM não deixou entregar, impedindo fisicamente e, quando os apoiadores insistiram, passaram a reprimir com gás e balas de borracha", relatou a deputada.

Três pessoas ficaram feridas e passaram por exame de corpo de delito no Palácio da Polícia. Laura disse que já foi registrado Boletim de Ocorrência contra os agentes e vai representar ao Ministério Público.

 

 

Após a ação, ainda segunda a parlamentar, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), marcou uma reunião de negociação com os ocupantes, para a próxima segunda-feira (18). 

Segundo o Movimento Nacional de Luta pela Moradia, o prédio ocupado havia sido cedido pela Caixa Econômica Federal para a prefeitura para fins culturais. No entanto, o local estava na lista de privatização da gestão municipal. 

"O local durante muitos anos foi ocupado pela cultura popular com diversas iniciativas culturais. No entanto, o local foi esvaziado com a promessa de que seria reformado e retornariam. A promessa não foi cumprida e o prédio está na lista de imóveis do município que serão leiloados. A ocupação denuncia a venda dos imóveis públicos da cidade e entrega do centro da capital para a especulação imobiliária", explica o movimento. 

A ocupação foi realizada na madrugada de sexta para sábado e não há informações sobre o número de famílias alojadas. 

A prefeitura de Porto Alegre não se manifestou. 

Edição: Rodrigo Gomes