Na contramão

Preço da cesta básica cai em todo o país, mas continua alto no Distrito Federal, aponta Dieese

Economista Mariel Angeli explica razões para alimentos serem mais caros na capital federal e aponta solução

Brasil de Fato | Brasília (DF)  |
Cesta básica no DF é a 6ª mais cara do Brasil - Agência Brasil

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revelou que em agosto houve redução de preço em 16 das 17 capitais brasileiras analisadas e apenas em Brasília houve um aumento.

A cesta básica da capital federal teve um aumento de 0,35% em agosto e ficou em R$ 689,98, sendo a sexta mais cara – atrás de Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ) e Campo Grande (MS). 

A partir desse cenário, a CUT-DF realizou um debate virtual na noite desta quinta-feira (14), com o presidente da Central, Rodrigo Rodrigues, e a economista Mariel Angeli, técnica do Dieese. Na ocasião, eles debateram sobre diversos aspectos da formação do preço da cesta básica do DF, que é uma das mais caras do país, bem como os dados da última pesquisa, no qual apenas Brasília não registrou redução no preço dos alimentos. 

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“A situação econômica para os trabalhadores aqui do DF é muito complexa, porque trata-se de um lugar com um tipo de ocupação que é muito diferente das demais capitais do Brasil”, destacou Mariel.

Segundo ela, o DF tem uma disparidade de renda muito grande, com milhares de servidores públicos com melhores salários e outra parte da população com trabalhos na iniciativa privada formal ou informal com remuneração muito baixa.

“Os custos aqui são muito mais elevados que na maior parte das capitais”, disse a economista do Dieese para explicar a posição de Brasília com uma das cestas básicas mais caras do Brasil.

Rodrigo Rodrigues lembrou que apesar do aumento do salário mínimo real (acima da inflação) neste ano, a cesta básica do DF em R$ 689,98 representa mais da metade desse valor.

“Esse é o valor que o trabalhador ou a trabalhadora precisa para fazer a alimentação básica. Então, isso é muito discrepante e tem um impacto muito grande na vida do trabalhador”, analisou Rodrigues, que também lembrou que este valor é estimado para a alimentação de uma pessoa, mas a maior parte das famílias são maiores.

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CUT-DF promove debate virtual com economista Mariel Angeli / CUT/Divulgação

Definição dos alimentos 

De acordo com a economista Mariel Angeli a definição dos alimentos da cesta básica leva em consideração diversos estudos e a legislação brasileira. “A definição da cesta básica vem do decreto da criação do salário mínimo”, explicou, acrescentando que: “tem escrito [no decreto] que o salário mínimo tem que ser suficiente para lidar com as necessidades, dentre outras, da alimentação dos trabalhadores".

A cesta básica pesquisada pelo Dieese considera 13 produtos: banana, tomate, arroz agulhinha, pão francês, feijão carioquinha, farinha de trigo, leite integral, carne bovina de primeira, batata, óleo de soja, café em pó, açúcar refinado e manteiga. Dentre esses produtos chama atenção a alta, ao longo de 12 meses no DF, dos preços da batata (14,81%) e do tomate (71,80%).

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Agricultura Familiar

De acordo com Mariel Angeli, é importante investir na agricultura familiar como estratégia para redução do preço de alguns alimentos da cesta básica no DF, sobretudo porque a cidade tem posição geográfica que encarece a logística. “Temos um cinturão verde. Temos uma produção local, principalmente de Brazlândia que atende a economia local e diminui preços que seriam muito mais elevados”, observou a economista.

Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Márcia Silva