BASE NA CÂMARA

Trabalhadores da Caixa rechaçam fala de Lira sobre dar comando do banco ao centrão

O presidente da Câmara disse que partidos da base devem indicar nomes para a Caixa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Arthur Lira [ao centro, na mesa] é personagem central nas costuras em torno da PEC 45; parlamentar defende proposta - Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Organizações ligadas a trabalhadores da Caixa Econômica Federal (CEF) soltaram uma nota, na manhã desta segunda-feira (18), em resposta à possibilidade de nomeação de integrantes do centrão para o comando do banco estatal. 

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o bloco de partidos que entraram para a base do governo federal, como PP e Republicanos, será o grupo político que indicará nomes para os cargos da Caixa Econômica Federal.   

Lira confirmou que o PP faz parte oficialmente da base do governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, neste domingo (17), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. "O presidente Lula escolheu essa maneira de formar sua base, trazendo os partidos para ocupar espaço na Esplanada dos Ministérios", afirmou o deputado. 

O congressista também afirmou que hoje existe uma base tranquila na Câmara dos Deputados para o governo. Com a adesão recente, o governo passa a contar com, aproximadamente, 350 votos na Casa. "O acordo foi mais amplo, envolve outros partidos, envolve outras composições. Tem parte do PL que quer fazer parte e já vota com o governo", disse Lira. 

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Após negociações que se estenderam por meses, Lula realizou uma reestruturação ministerial em seu governo, alocando membros do centrão em troca de apoio político no Congresso Nacional.  

Com a reforma, o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, o PSB, perdeu espaço. O deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) ocupará o lugar de Márcio França (PSB-SP) no Ministério de Portos e Aeroportos. Na mesma linha, com a saída da medalhista olímpica Ana Moser do Ministério dos Esportes, houve uma redução na presença de mulheres no mais alto escalão governamental. Moser deu lugar a André Fufuca (PP-MA), líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados. 

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Para as organizações ligadas aos funcionários do banco estatal, no entanto, que a Caixa não pode ser banco de negociações do centrão. “A Caixa, em 2017, foi alvo de denúncias e investigação do MP [Ministério Público] por conta da prática de fisiologismo, com ampla cobertura pela imprensa e desgaste da imagem do banco, o que resultou em mudanças estatutárias, com exigência de processo seletivo para os cargos de direção.” 

“Agora, num governo eleito com apoio dos trabalhadores, esse mesmo grupo tenta fazer a história se repetir como farsa. O presidente da Câmara, Artur Lira, acha que a Caixa é a famosa ‘padaria do seu Joaquim’, alusão usada por seu grande amigo e aliado Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa. Afirma pelos quatros cantos, do país e fora dele, que manda mais que o governo federal e que vai colocar quem bem entender na direção do banco e que distribuirá cargos entre políticos, como uma xepa”, afirmam as organizações. 

“A Lei das estatais, o estatuto e outras normas impedem essa prática. Além disso a sociedade brasileira, os empregados, aposentados e clientes não vão permitir a entrega desse importante patrimônio público para uso fisiológico em atendimento a interesses escusos”, dizem as organizações.  

A carta é assinada por Associação dos Advogados da Caixa Econômica Federal (Advocef), Associação Nacional dos Avaliadores de Penhor da Caixa Econômica Federal (Anacef), Associação Nacional dos Engenheiros e Arquitetos da Caixa Econômica Federal (ANEAC), Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul (APCEF/RS), Associação dos Gerentes da Caixa Econômica Federal (AGCEF), Associação Nacional dos Auditores Internos da Caixa Econômica Federal (AudiCAIXA), Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (CONTEC Brasil), Federação Nacional das Associações dos Gestores da Caixa (FENAG) e SOCIAL CAIXA. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho