Nagorno-Karabakh

Azerbaijão inicia bombardeios em região separatista armênia

Operação militar rompe com cessar-fogo acordado de 2020; Rússia tem missão de paz no local

Rio de Janeiro |
Imagem de vídeo do site oficial do Ministério da Defesa do Azerbaijão nesta segunda (28), mostra ataque de artilharia contra as posições dos separatistas armênios na região de Nagorno-Karabakh
Imagem de vídeo do site oficial do Ministério da Defesa do Azerbaijão nesta segunda (28), mostra ataque de artilharia contra as posições dos separatistas armênios na região de Nagorno-Karabakh - HANDOUT / AZERBAIJANI DEFENCE MINISTRY / AFP

O Azerbaijão anunciou uma operação militar que classificou como "medidas antiterroristas" na região separatista de Nagorno-Karabakh nesta terça-feira (19). Há relatos de bombardeios no território, incluindo na capital Stepanakert. O governo do Azerbaijão exige a retirada das tropas armênias do território e "mudança de regime" na região.

O governo armênio, por sua vez, afirma que não há militares do país presentes no território de Nagorno-Karabakh. Yerevan também pediu que o Conselho de Segurança da ONU e as forças de paz da Rússia no território intervenham no conflito.

A operação representa o rompimento de um cessar-fogo assinado em novembro de 2020 após acordo trilateral envolvendo Armênia, Azerbaijão e Rússia. A região de Nagorno-Karabakh é um enclave separatista de maioria armênia que reivindica independência do Azerbaijão desde 1994. A Rússia tem tropas de paz no território. 

De acordo com o Ministério da Defesa do Azerbaijão, o objetivo da operação é garantir a segurança dos militares azeris e restaurar a ordem constitucional da República do Azerbaijão na região.

:: Choques entre Azerbaijão e Armênia matam 100 soldados ::

"A única forma de alcançar a paz e a estabilidade na região é a retirada incondicional e completa das forças armadas armênias da região de Karabakh, no Azerbaijão, e a dissolução do chamado regime (separatista armênio)", diz a pasta em comunicado.

As forças separatistas de Nagorno-Karabakh, por sua vez acusaram o Azerbaijão de "violação do regime de cessar-fogo" em toda a linha de contato, com "ataques de mísseis e artilharia".

O conflito na região remete a 2020, quando eclodiu uma guerra de seis semanas entre a Armênia e o Azerbaijão por causa de Nagorno-Karabakh. Como resultado, o Azerbaijão ganhou o controle de aproximadamente metade da região e as forças de manutenção da paz russas foram estacionadas na parte restante. A Armênia prometeu retirar as tropas de Nagorno-Karabakh. Em Dezembro de 2022, o Azerbaijão bloqueou a única estrada que liga Nagorno-Karabakh à Armênia, dando início a uma crise humanitária na região.

O chefe da diplomacia da União Europeia (EU), Joseph Borrell, fez um apelo para que o Azerbaijão interrompa as ações militares em Nagorno-Karabakh. "A UE condena a escalada militar ao longo da linha de contato e em outros territórios de Karabakh. Apelamos ao Azerbaijão para que cesse imediatamente as hostilidades", disse o chefe da diplomacia da UE.

A França também reagiu e exigiu a convocação urgente de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em conexão com o bombardeio de Nagorno-Karabakh.

Já o Kremlin manifestou preocupação com a escalada e garantiu que suas forças de paz na região continuem sua missão. A Rússia fez um apelo para que a Armênia e o Azerbaijão detenham o derramamento de sangue na região.

Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, as tropas de pacificação russas de Nagorno-Karabakh foram informadas minutos antes de Baku começar sua operação.

Edição: Thales Schmidt