TRABALHO E SAÚDE

Adoecimento mental dos bancários é tema de conferência realizada de forma híbrida nesta terça (26), em Porto Alegre

Evento ocorre às 13h30, no SindBancários; categoria está entre as mais medicadas, mas suicídios não estão diminuindo

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Segundo o SindBancários, há um adoecimento generalizado na categoria, e as intervenções pontuais não estão sendo capazes de prevenir o agravamento da situação - Foto Reprodução

O SindBancários Porto Alegre e Região e a Fetrafi-RS promovem, nesta terça-feira (26), a Conferência Livre de Saúde Mental, com o mote “Adoecimento & Trabalho Bancário: a função antissocial dos bancos”. O encontro será realizado das 13h30 às 17h, na sede do Sindicato e de modo online, e debaterá o adoecimento psicológico de bancários e bancárias. As inscrições para o evento são gratuitas.

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Conforme pontua a organização, o trabalho bancário das últimas décadas vem colocando desafios para o movimento sindical e também para os profissionais da área de saúde mental. Há um adoecimento generalizado na categoria, e as intervenções pontuais não estão sendo capazes de prevenir o agravamento da situação.

Embora a categoria esteja despontando entre as mais medicadas, desfechos trágicos como suicídios não estão diminuindo. A explicação para esse fenômeno é que, apesar de bancários e bancárias estarem sendo tratados de forma individualizada, quem está doente é o banco.

Um levantamento feito pela Universidade de Brasília (UnB) aponta que, entre 1996 e 2005, foram registrados 181 suicídios no setor bancário, o que significa um caso a cada 20 dias. De acordo com relatório da OIT/OMS, os transtornos mentais e comportamentais são a principal causa de afastamentos entre bancários, chegando a 25% do total em 2022, o dobro do que era dez anos antes.

A conferência busca reunir subsídios para demonstrar que muitos dos motivos determinantes do adoecimento generalizado da categoria estão no modelo gerencial do sistema financeiro brasileiro. A proposta é mostrar como a violação a princípios constitucionais e legais, sobretudo aqueles estampados na Constituição de 1988 e na Lei 8.080/1990, tem permitido a institucionalização de práticas de exceção na gestão dos bancos, com repercussões contundentes na saúde mental da categoria.

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Inscrições são gratuitas e estão abertas / Reprodução

Por conta disso, através de um diálogo interdisciplinar e intersetorial, a Conferência tem como meta resgatar os laços que unem a função social da propriedade e o respeito aos direitos humanos, com a garantia de políticas de saúde mental que promovam, protejam e recuperem a saúde no âmbito das relações laborais.

“Precisamos renovar nossa forma de compreender a saúde mental e o papel que a violação de diretos desempenha no adoecimento. Os bancos hoje são laboratórios de violência psicológica. Milhares de bancários e bancárias se afastam do trabalho todos os anos em razão das práticas assediadoras dos bancos. Mas esse ônus não recai apenas sobre os trabalhadores e suas famílias. Toda a sociedade arca com as consequências de os bancos não só não cumprirem uma função social, como, além disso, desempenharem uma verdadeira função antissocial na sociedade”, analisa André Guerra, psicólogo e assessor técnico do Departamento de Saúde do SindBancários Porto Alegre e Região e da Fetrafi-RS.

Confira a programação e se inscreva gratuitamente por meio do site Sympla.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira