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Taxa de suicídios de indígenas no AM e MS é quase 10 vezes maior que a média do país, diz estudo

Em 2018, taxas de suicídio entre indígenas nas regiões Norte e Centro-Oeste chegaram a 73,75 por 100 mil habitantes

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Indígenas pedem fim da violência - MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Estudo elaborado pela Fiocruz em parceria com Universidade de Harvard (EUA), publicado neste mês, revela que as taxas de suicídio entre indígenas no Brasil não são uniformes entre as regiões do país, tendo uma disparidade nas regiões Norte e Centro-oeste. 

Os estados de Amazonas e Mato Grosso do Sul concentram os mais altos índices, superando em quase 10 vezes a média da população em geral no país.

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O trabalho intitulado “Suicídio entre povos indígenas no Brasil de 2000 a 2020: um estudo descritivo” revela que quando analisado apenas o número de suicídios entre homens indígenas de até 24 anos de idade, em 2018, as taxas nas regiões Norte e Centro-Oeste chegaram a 73,75 para cada 100 mil habitantes.

O Atlas da Violência, elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apontou que neste mesmo ano o índice de suicídio entre jovens no país foi de 6,65 por 100 mil habitantes.

Embora a edição mais atualizada do Atlas ainda não tenha sido publicada, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública deste ano revela que a taxa de suicídio na população em geral do Brasil está em 8 para cada 100 mil habitantes.

Coautor do trabalho, o epidemiologista Jesem Orellana, defende que “o principal resultado do estudo é que se conseguiu desmistificar a ideia de que o suicido em povos indígenas no Brasil é um problema generalizado”. 

Orellana é chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi) do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia).

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O pesquisador pontua que, ao excluir os estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul da análise, a taxa de suicídio entre indígenas se equipara à média da população brasileira. O que, segundo ele, evidencia como a situação nestas duas regiões é dramática.

“A taxa geral [de suicídio entre indígenas] é 2 ou 3 vezes maior comparada à média do país. Mas se você excluir o Mato Grosso do Sul e o Amazonas, na verdade, a taxa fica no mesmo nível que a da população em geral”.

O estudo foi publicado na revista The Lancet Regional Health - Americas em 14 de setembro deste ano. 

Embora não tenha sido o foco do estudo, Orellana traz algumas hipóteses para esta disparidade dos números nestas duas regiões

“Uma das principais hipóteses que levantamos no Mato Grosso do Sul tem muito a ver com o confinamento desses povos. São povos que estão buscando o reconhecimento dos seus territórios  há muito tempo e passam por uma situação de violência extrema. E vêm sendo assassinados, literalmente, por fazendeiro grileiros”.

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Orellana faz referência, principalmente, ao povo Guarani Kaiowá. Em julho do ano passado a população passou por um dos episódios mais traumáticos do conflito no campo brasileiro que ficou conhecido como Massacre de Guapoy.

Moradores da Terra Indígena (TI) Amambai, no Mato Grosso do Sul, foram vítimas de uma ação violenta da Polícia Militar (PM) quando retomavam o território ancestral chamado Guapoy. A expulsão resultou na morte do indígena Vitor Fernandes, de 42 anos, e deixou dezenas de feridos.

Este ano, no mês passado, indígenas da mesma etnia sofreram ataques a tiros por parte de fazendeiros na região de Dourados, também no Mato Grosso do Sul. Foram quatro dias de tiros, casas incendiadas, pertences roubados, roças destruídas e ameaças de morte.

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“Esses jovens estão perdendo a identidade, entrando em crises existenciais em decorrência do confinamento territorial, desses conflitos históricos principalmente entre os indígenas Guarani e Kaiowá”, afirma Orellana.

O pesquisador se demonstra otimista com as ações que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem apresentando nestes nove meses do seu terceiro mandato.

“Temos um governo que se preocupa com a questão fundiária e territorial que é sagrada para esses povos”.

Embora afirme que ainda é cedo para medir quais podem ser as consequências das ações do governo, o pesquisador está confiante que, ao menos, será possível conter a tendência de aumento dos números de suicídio nessas regiões.

“Esse tipo de crise não se resolve em apenas quatro anos, não existe um remédio, uma vacina. É um trabalho a longo prazo que existe uma cooperação de diferentes áreas”, afirma.


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Edição: Rodrigo Durão Coelho