Política

Aliado de Putin vence eleições e volta ao poder na Eslováquia

Robert Fico, que assumirá seu terceiro mandato não consecutivo, é contra ajuda militar à Ucrânia

|
Robert Fico assume terceiro mandato na Eslováquia
Com 99,98% das urnas apuradas, o Smer foi declarado vencedor do pleito, ao conseguir 22,94% das vagas no parlamento - Vladimir Simicek / AFP

As eleições gerais realizadas neste domingo (1) na Eslováquia terminaram com a vitória do Partido Social Democrata (Smer, por sua sigla em idioma local), o que significa a recondução do seu líder, Robert Fico, ao cargo de primeiro-ministro.

Com 99,98% das urnas apuradas, o Smer foi declarado vencedor do pleito, ao conseguir 22,94% das vagas no parlamento. O partido Eslováquia Progressista (que, na prática, defende um discurso social-liberal) foi o segundo mais votado, ficando com 17,96%.

Este será o terceiro mandato não consecutivo de Fico no país. Seu primeiro período foi entre julho de 2006 e julho de 2010. A segunda passagem do social-democrata pelo cargo foi entre abril de 2012 e março de 2018.

A campanha de Fico nas eleições deste ano foi baseada na promessa de bloquear totalmente o envio de armas à Ucrânia. Outros setores políticos tentaram confrontar essa postura recordando a proximidade entre o político social-democrata e o presidente russo Vladimir Putin – que mantiveram ótima relação durante os dois primeiros mandatos de Fico –, mas essa crítica não impediu sua vitória.

A Eslováquia possui fronteira terrestre com o território ucraniano, a qual vem sendo usada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para repassar armas ao país aliado. Em um futuro governo de Fico, caso ele cumpra a promessa, esse fluxo será interrompido.

O discurso do primeiro-ministro eleito também costuma ser fortemente crítico ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Na reta final da campanha, Fico chegou a comentar a recente polêmica sobre a homenagem a um soldado ultranacionalista ucraniano – Yaroslav Hunka, de 98 anos, que foi membro da Divisão Galícia, a qual atuava em conjunto com a SS, o exército paramilitar do Partido Nazista alemão – realizada pelo parlamento do Canadá. A cerimônia contou com a presença e os aplausos do mandatário ucraniano e também do premiê canadense Justin Trudeau.

A crítica de Fico fez alusão à descendência judia de Zelensky, ao afirmar que ele “aplaudiu um sujeito que, se tivesse encontrado seu avô durante o período nazista, não teria duvidado em matá-lo”.

Em outros momentos marcantes da campanha, o social-democrata declarou ser contra o uso de bases militares eslovacas por parte das tropas norte-americanas ou da Otan, acusou os “grupos nazifascistas ucranianos” de iniciar a guerra contra a Rússia e descreveu o conflito no país vizinho como “uma matança inútil, que esvazia as reservas militares dos países e os obriga a comprar mais armas dos Estados Unidos”.

O líder eslovaco também mostrou interesse em se aproximar de outro mandatário importante do Sul Global: o chinês Xi Jinping.

Um dos principais jargões usados por Fico durante a campanha diz que “a guerra sempre vem do Ocidente, e a paz do Oriente”, dando a entender que é por onde seu governo pretende buscar novos aliados.

Com informações de RT e TeleSur.