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China, Japão e Coreia do Sul se aproximam para debater presença militar dos EUA na região

Reunião trilateral não é realizada há quanto anos e deverá ser retomada às pressas

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
A China de Xi Jinping se opõe ao que considera uma "expansão arbitrária" de forças militares - Philip FONG / AFP - 23/9/2023

Líderes da China, Japão e Coreia do Sul irão se encontrar para debater as preocupações de Pequim a respeito do aumento da presença de tropas dos Estados Unidos na região. Esse tipo de reunião trilateral, que não foi realizada nos últimos quatro anos, será retomada “o quanto antes”, segundo informaram os chanceleres desses países na última terça-feira (26).

A China expressou preocupação sobre o estreitamento de laços entre Washington e seus dois aliados no nordeste asiático, onde estão estacionadas dezenas de milhares de tropas estadunidenses. Em agosto, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, o premiê japonês, Fumio Kishida, e o presidente dos EUA, Joe Biden, iniciaram um “novo capítulo” de sua cooperação em segurança após uma reunião de cúpula em Camp David, o retiro rural da presidência dos EUA.

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O país asiático denunciou a cúpula. Ficou particularmente irritada com uma referência na declaração de Camp David ao seu “comportamento agressivo” no mar do Sul da China, onde fica a ilha de Taiwan. Washington tentou apresentar uma frente regional unida contra a atividade militar chinesa próxima a Taiwan e o desenvolvimento de armas de destruição em massa pela Coreia do Norte.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que Pequim se oporia à “expansão arbitrária de alianças militares e à redução do espaço de segurança de outros países”, em um aviso aparente contra qualquer tentativa de estabelecer uma aliança militar semelhante à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

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Forças do Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos realizaram exercícios militares conjuntos em resposta à ameaça nuclear da Coreia do Norte, enquanto a China — maior doadora de ajuda e parceira comercial da Coreia do Norte — recentemente enviou altos funcionários para participar de desfiles militares em Pyongyang.

O Japão e a Coreia do Sul têm interesse em manter uma relação de segurança estável com a China, incluindo sua ajuda para lidar com os programas nucleares e de mísseis balísticos da Coreia do Norte, de acordo com Tong Zhao, um pesquisador sênior do Carnegie Endowment for International Peace. “Esses interesses compartilhados abrem novos caminhos para comunicação estratégica, construção de confiança e medidas para prevenir crises”, disse.

As perspectivas para a retomada de conversas formais entre os líderes da China, Japão e Coreia do Sul aumentaram após uma recente reaproximação entre Tóquio e Seul, cujos governos parecem dispostos a superar um longo histórico de frieza que remonta ao período 1910-1945, quando o Japão colonizou a península coreana.

*Com informações do The Guardian.

Edição: Patrícia de Matos