HISTÓRIA DA ESTATAL

De 'O petróleo é nosso' ao pré-sal: relembre fatos que marcam os 70 anos da Petrobras

Maior empresa do país completa 70 anos nesta terça-feira (3) com histórico de luta popular pela soberania energética

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Petrobras faz aniversário em mais um momento de mudança em sua gestão - Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Maior empresa do Brasil, a Petrobras completa 70 anos nesta terça-feira (3). Criada em 1953 por pressão de um movimento popular, a estatal tem sua história entrelaçada com a luta de trabalhadores e pela soberania.

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‘O Petróleo É Nosso’

A Petrobras é criada por lei sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas. Naquela época, já havia um debate no país sobre como deveria ser realizada a exploração de petróleo por aqui. Em 1948, foi criada a entidade civil Centro de Estudos e Defesa do Petróleo.

Essa entidade patrocinou a campanha “O Petróleo É Nosso” em prol do monopólio estatal no setor. A campanha recebeu apoio do artista Emiliano Di Cavalcanti e do arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1953, o movimento levou à fundação da Petrobras.

Sindicato e greve

Em 1957, surge o primeiro sindicato de petroleiros, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Petróleo (Stiep), na Bahia. Em 1960, eles realizam sua primeira greve, reivindicando a equiparação salarial dos trabalhadores da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, com a dos funcionários da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), no estado de São Paulo. A paralisação durou 15 dias.

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Refinaria própria

Em 1961, a Petrobras inaugura sua primeira refinaria construída do zero: a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no estado do Rio de Janeiro.

Ditadura

Em 1964, o Brasil passa por um golpe militar. Sindicatos de petroleiros sofrem intervenção estatal e lideranças da categoria passam a ser perseguidas. O Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de repressão, chegou a ter uma divisão dentro da Petrobras.

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Petróleo no mar

Os primeiros anos da Petrobras em busca de petróleo não foram animadores. Tentativas de exploração em campos terrestres não vingaram.

A empresa, então, volta-se para o mar. Constrói sua primeira plataforma, a P-1, com capacidade para operar em águas de até 30 metros de profundidade. Em 1969, ela descobre o primeiro campo de petróleo no mar de Sergipe, no campo de Guaricema. Em 1974, é descoberto petróleo na Bacia de Campo, entre Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Subsidiárias

Na mesma época, a Petrobras começa atuar em outros ramos da indústria do petróleo também visando reduzir a dependência do país do capital privado e estrangeiro. Em 1967, é criada a sua primeira subsidiária da Petrobras, a petroquímica Petroquisa. Em 1971, nasce a BR Distribuidora, subsidiária para distribuição de combustíveis país afora –privatizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Governo Collor

Em 1990, o então presidente Fernando Collor de Melo cria o Programa Nacional de Desestatização e tenta privatizar subsidiárias da Petrobras. Em 1991, petroleiros realizam uma greve de 24 horas.  

Federação Única

Em 1994, é criada a Federação Única dos Petroleiros (FUP), reunindo sindicatos dos petroleiros de todo o Brasil.

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FHC e o fim do monopólio

Em 1995, ocorre a maior greve da história da Petrobras, contra o projeto de Emenda Constitucional enviado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso ao Congresso para acabar com o monopólio da empresa no setor de óleo e gás. A paralisação dura 32 dias, com mais de 90% de adesão da categoria. Apesar dela, em 1997, a quebra do monopólio é confirmada.

Petrobrax

Em 2000, ainda durante a gestão de FHC, a Petrobras anuncia uma mudança de nome: passaria a se chamar PetroBrax para reduzir sua associação com o Brasil. Anos antes, em 1994, a empresa já havia abandonado o acento agudo do nome Petrobrás sob justificativa de simplificar operações no mercado internacional. A mudança para PetroBrax teve grande repercussão negativa. A ideia é cancelada.

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Lula e o Prominp

Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva assume a Presidência. No mesmo ano, ele lança o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) sob o lema “tudo que pode ser feito no Brasil, tem que ser feito no Brasil”. O programa provoca um boom nos investimentos na indústria nacional de bens e serviços entre 2004 e 2014, sendo responsável pelo crescimento da indústria naval e offshore brasileira.

Descoberta do pré-sal

Em 2006, a Petrobras encontra petróleo na camada pré-sal do fundo dos oceanos. As descobertas foram um marco para a indústria de petróleo mundial. Até então, nenhuma outra empresa tinha realizado tal feito.

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Autossuficiência

O pré-sal transforma a capacidade de produção de petróleo da Petrobras. Em 2013, a empresa consegue produzir 300 mil barris do óleo por dia. Em 2015, o Brasil já produz mais petróleo do que consumia. Em 2016, a produção da Petrobras atinge a marca de 1 milhão de barris por dia.

Lava Jato

Em 2014, começa a operação Lava Jato. Criada para investigar denúncias de corrupção na estatal, ela converteu-se num dos maiores escândalos jurídicos da história. Perseguiu políticos, como o próprio Lula, e colaborou de forma clandestina com os EUA.

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Liberais na Petrobras

Dilma Rousseff é retirada da Presidência. Seu vice, Michel Temer, assume o cargo com uma agenda liberal. Sob sua gestão, foi derrubado o chamado regime de partilha, que garantia à Petrobras o direito de ser a operadora exclusiva de blocos de petróleo do pré-sal. Também é criado o Preço de Paridade de Importação (PPI) dos combustíveis, causando aumentos expressivos da gasolina e diesel.

Privatizações de Bolsonaro

Bolsonaro assume a Presidência em 2019. Ele intensifica políticas de privatizações iniciadas por Temer. Sob Bolsonaro, a Petrobras negocia refinarias, além da BR Distribuidora, campos de petróleo, terminais, gasodutos, termelétricas, usinas eólicas, entre outros. A gasolina e o diesel atingem o maior valor em mais de 20 anos.

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Lula de volta

Lula volta à Presidência em 2023, contando com o apoio de petroleiros em sua campanha contra Bolsonaro. O presidente põe fim ao PPI e anuncia a retomada de investimentos da Petrobras, inclusive para produção de energia elétrica por meio do vento.

Edição: Rodrigo Durão Coelho