CERCADOS

Única central elétrica da Faixa de Gaza para de funcionar

Após ataque do Hamas, Israel havia ordenado suspensão do fornecimento de eletricidade, alimentos, água e combustível

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Manifestante em Hebron, na Cisjordânia, pede fim do bloqueio a Gaza, imposto desde que começou o governo do Hamas, em 2006 - HAZEM BADER / AFP

A única central elétrica da Faixa de Gaza parou de funcionar nesta quarta-feira (11) por falta de combustível, segundo o chefe da autoridade energética do território palestino. 

“Gaza está atualmente sem energia”, disse Galal Ismail à CNN.

Na segunda-feira, dois dias após o ataque surpresa do grupo Hamas a Israel, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, havia ordenado um “cerco completo” a Gaza, com suspensão do fornecimento de eletricidade, alimentos, água e combustível. A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a medida pode ser considerada punição coletiva à população do território e, consequentemente, crime de guerra. 

Os moradores de Gaza, que amargam uma contraofensiva intensa de Israel, ainda podem utilizar geradores de energia para obter eletricidade. Mas com o bloqueio, o combustível necessário para o funcionamento dos geradores está acabando.

O diretor do Hospital Al-Wafa, Hassan Khalaf, disse que os hospitais de Gaza dependem dos geradores e previu que seu funcionamento esteja garantido por “no máximo alguns dias”, em entrevista à TV Al Jazeera.

Ele afirmou que há atualmente cerca de 100 recém-nascidos que dependem dos equipamentos médicos para sobreviver, além de 1.100 pacientes que precisam da máquina de diálise, procedimento que substitui a ação dos rins no corpo humano. Essas máquinas só funcionam com energia elétrica.

Gaza é um dos locais mais densamente povoados do planeta, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas numa área de pouco mais de 365 quilômetros quadrados — um pouco maior que a cidade de Belo Horizonte, que tem 332 quilômetros quadrados.

A região vive isolada do resto do mundo desde 2006, quando o Hamas venceu eleições locais e assumiu o controle da região. Depois disso, Israel e o Egito impuseram um cerco ao território. Mais de metade da população vive na pobreza e sofre de insegurança alimentar, com quase 80% dependendo da assistência humanitária.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo público ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e à comunidade internacional para pôr fim ao que chamou de “a mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio”.

Edição: Rodrigo Durão Coelho