Ajuda humanitária

Cuba condena o veto dos EUA à resolução do Brasil no Conselho de Segurança e pede ajuda humanitária para Gaza

Cuba pede a "entrada" de ajuda humanitária em Gaza, apesar do veto dos EUA

Habana (Cuba) |
Ministro de Relaciones Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla - Adalberto ROQUE / AFP

Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (19), o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, classificou como "lamentáveis e perigosas" as ações dos Estados Unidos de "paralisar o Conselho de Segurança da ONU em defesa de Israel".

As declarações foram feitas depois que o governo de Joe Biden vetou a resolução apresentada pelo Brasil ao Conselho de Segurança, que exigia "a revogação da ordem imposta por Israel para que civis e funcionários da ONU evacuassem todas as áreas ao norte de Wadi Gaza e se mudassem para o sul da Faixa de Gaza". 

Desta forma, a resolução procurava permitir a entrada de ajuda humanitária para os mais de 2 milhões de palestinos que vivem na região, por meio das agências de ajuda humanitária das Nações Unidas e das organizações associadas, bem como do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, entre outros. A resolução, que foi vetada, buscava permitir o estabelecimento de corredores humanitários.

"Cuba rejeita, e sempre rejeitou, a matança de civis e pessoas inocentes de todos os lados envolvidos nesse conflito, independentemente de etnia, nacionalidade ou fé religiosa, e condena nos termos mais fortes a matança de civis, especialmente mulheres, crianças e trabalhadores humanitários do sistema das Nações Unidas", declarou Rodríguez Parrilla.

A Faixa de Gaza é um território que está sendo bloqueado pelo Estado de Israel desde 2006. Depois da escalada em 7 de outubro, o governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu emitiu uma ordem para que os cidadãos que vivem no norte da Faixa de Gaza evacuassem seus territórios, anunciando uma incursão militar terrestre que até agora não se concretizou. Além disso, o governo de Netanyahu decidiu não permitir a entrada de água, alimentos ou medicamentos no território, argumentando que isso "interromperia a cumplicidade da população civil com o Hamas". 

O ministro das Relações Exteriores de Cuba lamentou a situação como uma "catástrofe humanitária de proporções extremas no território ocupado da Faixa de Gaza". Rodriguez também recordou que "a situação atual é a consequência de 75 anos de ocupação ilegal, da violação dos direitos inalienáveis do povo palestino em seu próprio território, da política agressiva e expansionista de Israel".

O ministro das Relações Exteriores de Cuba denunciou que os EUA têm sido historicamente cúmplices da impunidade de Israel, a quem acusou de "minar a paz e a estabilidade no Oriente Médio" e de obstruir repetidamente a ação do Conselho de Segurança em relação à Palestina.

"A impunidade com que Israel age só pode ser explicada por sua plena confiança de que não haverá consequências para suas ações e que tem o apoio do governo dos EUA e de outro de seus aliados da OTAN. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba solicita urgentemente um cessar-fogo, exige o fim da retórica belicista e exige que o governo dos EUA não continue a paralisar o Conselho de Segurança usando seu poder de veto antidemocrático e obsoleto para proteger Israel", destacou.

Dessa forma, Rodríguez afirmou que Cuba convoca os diferentes mecanismos de consulta política e integração global a desempenhar um papel ativo para deter a escalada da violência. Nesse sentido, solicitou a mobilização urgente, sob a coordenação das Nações Unidas, de ajuda humanitária de emergência para enfrentar a situação catastrófica em Gaza e pediu a todas as partes envolvidas que facilitem a entrada e a distribuição dessa ajuda humanitária.

Finalmente, Cuba também pede a retomada imediata da décima sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU e reafirma que a prioridade máxima da Assembleia deve ser o fim da violência. E pede "a mobilização urgente, sob a coordenação das Nações Unidas, de assistência humanitária de emergência para lidar com a situação catastrófica em Gaza e pede a todas as partes envolvidas que facilitem a entrada e a distribuição dessa assistência humanitária".
 

Edição: Leandro Melito