Crime eleitoral

PF investiga se campanha de Tarcísio forjou suposto atentado para favorecê-lo na eleição de 2022

Em 17 de outubro, um tiroteio foi registrado a 100 metros de uma agenda de campanha do então candidato ao governo de SP

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Na época, Tarcísio de Freitas se manifestou por nota. "É importante esclarecer que a campanha nunca levantou a tese de atentado." - Pablo Nogueira/Governo do Estado de SP

A Polícia Federal (PF) investiga se a campanha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), forjou um atentado para favorecê-lo eleitoralmente durante a campanha no ano passado.  

A investigação sobre o suposto crime eleitoral apura se a equipe de Tarcísio foi responsável pela versão falsa de que o então candidato foi vítima de um atentado, durante uma agenda de campanha, em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, em 17 de outubro.  

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De acordo com apuração do jornal O Estado de S. Paulo, na portaria que originou o inquérito, o delegado Eduardo Hiroshi Yamanaka apontou para a possível violação do Código Eleitoral e “outras que porventura forem constatadas no curso da investigação”. 

O inquérito também se baseou nas entrevistas em que o ex-cinegrafista da emissora Jovem Pan Marcos Vinícius Andrade falou sobre ter sido pressionado por assessores de Tarcísio para deletar as imagens do suposto atentado.  

Em um áudio divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, um integrante da campanha diz frases como "você tem que apagar" e "não pode divulgar isso não" ao ex-cinegrafista. No diálogo gravado é possível ouvir Andrade dizendo que "já foi", ou seja: as imagens já tinham sido enviadas à redação da emissora, que foi a primeira a noticiar o episódio.  

Também pesa no processo a alteração da cena feita pela Polícia Militar de São Paulo. O Brasil de Fato teve acesso ao Boletim de Ocorrência (BO) lavrado pela Polícia Civil após o episódio que mostra que a cena foi alterada.  

No BO, um dos policiais que participaram da ocorrência, que terminou na morte de Felipe Silva de Lima, de 27 anos, afirma que o tenente Ronald Quintino Correa Camacho foi até a rua Manoel A. Pinto, onde o corpo do jovem estava e retirou uma lista de objetos da cena do crime. 

"Um coldre, celular, relógio, um carregador de pistola, além de diversos cartuchos e estojos, que arrecadou no local, afirmando que seria para que não fossem perdidos ou subtraídos por populares", informa o policial militar no Boletim de Ocorrência. 

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Na época, Tarcísio de Freitas se manifestou por nota. "É importante esclarecer que a campanha nunca levantou a tese de atentado. Essa afirmação não foi feita por Tarcísio. Questionamentos sobre a cena do crime devem ser feitos diretamente à polícia, que é quem acompanha as investigações e a quem cabe responder sobre o assunto." 

A tese de atentado foi levantada pela emissora Jovem Pan, linha auxiliar do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) na mídia. Ato contínuo, bolsonaristas passaram a politizar o episódio e tratá-lo como uma ofensiva à campanha. Em seu programa eleitoral do dia 17 de outubro, a campanha de Jair Bolsonaro corroborou a tese. "O candidato Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis". 

Edição: Vivian Virissimo