caos na segurança

Lula diz que equipes das Forças Armadas vão reforçar combate ao crime no RJ; 12 pessoas foram presas após ataques a ônibus

Governador do Rio informou que seis suspeitos de participação nos atos serão encaminhados para presídios federais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Os 35 ônibus foram queimados em sete bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (23) - Bruno Kaiuca/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (24) que vai reforçar o apoio do governo federal no combate ao crime organizado e às milícias no Rio de Janeiro. 

Segundo Lula, "o problema da violência no Rio de Janeiro termina sendo um problema do Brasil". O presidente disse, em sua live semanal nas redes sociais, que as estruturas dos ministérios da Justiça e da Defesa serão utilizadas para ajudar a combater o crime organizado e a milícias no Rio. 

A medida foi comunicada após um começo de semana aterrorizante na capital fluminense. Milicianos queimaram 35 ônibus e um trem ao longo desta segunda-feira (23), na Zona Oeste do município.  

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), informou que 12 pessoas foram presas suspeitas de crime de terrorismo. Desses, seis foram liberados por falta de provas. Os demais serão enviados para presídios federais, segundo o chefe do Executivo. 

As ações criminosas foram realizadas após a morte de Matheus da Silva Rezende, sobrinho do chefe da maior milícia do Rio de Janeiro, Luis Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho. Conhecido como Teteu e Faustão, Rezende foi baleado em operação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ), também nesta segunda-feira, na comunidade Três Pontes. 

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“É importante dizer que prendemos 12 criminosos ateando fogo em ônibus. Esses criminosos já estão presos por ações terroristas e, por isso, serão encaminhados imediatamente a presídios federais. Lá é local de terrorista”, afirmou o governador, em coletiva de imprensa. Segundo Castro, todo o efetivo policial está nas ruas para restabelecer a ordem.  

Ele também informou que está em contato com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para garantir “que o crime organizado terá em nós uma fronteira firme entre a lei, a ordem e o que eles querem fazer nesse Estado”. 

“Não daremos um passo só para trás. O Estado não será tomado por criminosos. Nossas forças de segurança estão ativas e unidas. A população pode dar um voto de confiança porque essa luta é para libertar nossa população das facções, dessas verdadeiras milícias, que tentam tomar o poder no Rio de Janeiro”, declarou. 

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Flávio Dino, por sua vez, prometeu enviar integrantes da Força Nacional ao Rio de Janeiro nesta terça-feira (24). “Estamos mantendo e ampliando operações diárias no Rio, no que se refere à competência federal, com realização de prisões, investigações, patrulhamento e apreensões. Vamos aumentar mais ainda as equipes federais, em apoio ao Estado e ao Município”, escreveu em seu perfil no X, antigo Twitter. 

“Em um sistema federativo, temos que respeitar os demais entes da Federação e buscar ações convergentes, o máximo quanto possível. Foi assim que agimos em outros estados que atravessaram crises de Segurança neste ano de 2023. Teremos novas decisões nos próximos dias, sob orientação do Presidente Lula.” 

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Os 35 ônibus foram queimados em sete bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro: Paciência, Cosmos, Santa Cruz, Inhoaíba, Campo Grande, Guaratiba e Recreio dos Bandeirantes. Um trem e carros de passeio também foram incendiados pelos criminosos. Foi o maior ataque a ônibus já registrado em um único dia, de acordo com o Sindicato das Empresas de Ônibus do Município do Rio de Janeiro. 

Na manhã desta terça-feira, por volta das 7h30, 80% dos ônibus comuns estavam circulando. A circulação de trens no ramal Santa Cruz, que atende a Zona Oeste, permanece alterada. Os milicianos incendiaram a cabine de um trem da Supervia que partia de Santa Cruz na noite de segunda. O ataque resultou no fechamento de seis estações, entre Campo Grande e Santa Cruz. 

Edição: Geisa Marques