Retaliação

Metrô de SP demite cinco trabalhadores e suspende dirigentes sindicais por paralisação; categoria discute nova greve

Para metroviários, a medida é uma retaliação à luta contra as privatizações do governo Tarcísio de Freitas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Categoria considera demissões como retaliação do governo à greve unificada de 3 de outubro - Gabriela Moncau

Nesta terça-feira (24), o Metrô de São Paulo demitiu cinco trabalhadores e aplicou suspensão a outros quatro por conta de uma paralisação surpresa feita no último 12 de outubro. Em reação às demissões, uma assembleia emergencial da categoria foi convocada para quarta-feira (25) às 18h e será discutida a possibilidade de nova greve na próxima semana. 

Para Narciso Soares, vice-presidente do Sindicato dos Metroviários e um dos suspensos, trata-se de "uma clara retaliação" à mobilização que a categoria, junto com os trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), vem travando contra a privatização destes serviços, planejada pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).  

Um dos funcionários recebeu uma suspensão de 29 dias. Cinco foram demitidos e outros três – Altino Prazeres, Rodrigo Tufão e o próprio Narciso, por serem membros do Sindicato dos Metroviários – foram suspensos sem remuneração para serem submetidos a inquérito no Tribunal Regional do Trabalho, que vai deliberar sobre possível demissão pelo que a empresa estatal considera "falta grave".  

"Vamos travar um processo de luta contra isso, a gente não vai aceitar. É uma retaliação ao direito da luta da categoria, uma luta que é a favor da população", afirma Soares.  

"Indignados" foi a palavra usada por Camila Lisboa, presidenta do sindicato, para definir a reação dos metroviários frente às punições. "O governo Tarcísio e a direção do Metrô estão fazendo isso para tentar quebrar as pernas de uma categoria que está na linha de frente contra o projeto de privatização de todos os serviços públicos", afirmou em vídeo convocando a assembleia.  

Em nota divulgada pelo governo do Estado, o Metrô informou ter avaliado "que a paralisação [de 12 de outubro] atendeu apenas a interesses privados e descumpriu a legislação por ter sido implementada sem aviso prévio".

Como foi a paralisação surpresa 

No último 12 de outubro, trabalhadores pararam as linhas 2, 3 e 5 do metrô por algumas horas. O protesto foi uma reação a advertências orais e por escrito que alguns metroviários estavam recebendo por se recusarem a participar de atividades que, segundo eles, não fazem parte de suas atribuições.  

A Companhia vinha pressionando que os operadores acompanhassem treinamentos destinados a funcionários de áreas não relacionadas ao tráfego de trens, para que sejam capacitados a fazer o metrô funcionar em momentos de contingência – como de greve. 

Isso aconteceu apenas nove dias depois que, em 3 de outubro, trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp fizeram uma greve unificada de 24 horas contra as privatizações.  

Depois de três negativas para participar dos treinamentos, advertências chegaram aos trabalhadores por escrito. Diretor da Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro), Alex Santana afirmou ao Brasil de Fato na ocasião que elas têm "peso jurídico, têm peso administrativo, têm alguns problemas legais em relação a esse tipo de advertência".  

Como reação, os trabalhadores cruzaram os braços por algumas horas, acionaram o sindicato e conseguiram que as advertências escritas fossem suspensas. 

Em nota divulgada nesta terça (24), o Metrô informou que os serviços foram prejudicados em 49 estações naquele 12 de outubro e que a companhia "não descarta novas punições". 

Edição: Thalita Pires