CENTRAL DO BRASIL

Violência nas escolas: ação do governo de São Paulo tem sido superficial, diz pesquisadora

Respostas do poder público não têm sido suficientes para dar conta da complexidade dos fatos

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ataque a tiros em escola no bairro do Sapopemba, na segunda-feira(23), na zona leste da cidade, deixou um morto e dois feridos - Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A coordenadora de programa e politicas da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Marcele Frossard, acredita que as ações de prevenção à violência nas escolas do governo do estado de São Paulo são insuficientes e superficiais. 

"Esse tem sido um tema da educação, da segurança pública e também da saúde mental. Em relação ao governo de São Paulo, as medidas que têm sido tomadas chamam atenção principalmente pela proposta de resolução imediata e sem a promoção de políticas públicas de longo prazo, que é o que realmente traz uma mudança nesse cenário", analisou. 

"Aumento do aparato policial é uma das propostas do governo e que não tem tido, através dos estudos, inclusive nos Estados Unidos – onde este tipo de crime predomina – resultado de maneira imediata. De maneira geral, é uma governo que tem tratado as propostas de maneira superficial e sem considerar as evidências que já existem sobre o assunto." 

A análise foi feita no programa Central do Brasil desta terça-feira (24), um dia depois que a estudante Giovana Silva, de 17 anos, morreu e outras duas pessoas ficaram feridas após um ataque a tiros em uma escola estadual em Sapopemba, na zona leste de São Paulo.

O atirador, de 16 anos, estava vestido com o uniforme da escola e usou a arma que pertencia ao pai. Logo após disparar quatro tiros contra os colegas, ele se entregou à polícia. 

Após o ataque desta segunda-feira (23), a oposição se mobiliza na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo (Alesp) para derrubar o veto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Projeto de Lei 637/2023, que previa a ampliação da rede de psicólogos e assistentes sociais na rede estadual de educação básica.

Aprovado na Alesp no dia 26 de agosto, o projeto seguiu para a sanção de Freitas, que no dia 20 de setembro vetou a contratação de mais 500 psicólogos para atenderem alunos e professores da rede pública.

Marcele analisa que este caso mais recente tem características muito peculiares. Mas que, em geral, esse tipo de ação, em que uma pessoa atira dentro das escolas, corresponde a uma cultura da violência que tem profundas raízes em movimentos extremistas. 

"A complexidade desse tipo de violência demonstra que essa política precisa de um certo tempo para fazer efeito", analisou. 

Marcele também analisou alguns aspectos da prevenção, como controle do ciberespaço e difusão de ideias extremistas na internet. Comentou ainda sobre a influência das ideias fascistas por trás desses episódios de violência. 

"A gente não tem muita clareza sobre como estes algoritmos funcionam, quais são os perfis e o que é autorizado a ser publicado, como estes sites fazem esse monitoramento. Tudo isso são fatores que ainda são difíceis e que o próprio governo tem tido dificuldade de diálogo com esses atores", explicou. 

"Para reduzir o impacto da internet na escalada desse tipo de violência, é fundamental o diálogo entre o Estado, as organizações de segurança pública, educação e a sociedade civil de uma maneira geral, para criação de uma política pública sobre esse tema." 

A entrevista completa está disponível na edição desta terça-feira (24) do Central do Brasil no canal do Brasil de Fato no YouTube



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Novas rotas 

Cerca de 10 mil pessoas de 150 países passaram por Pequim para participar do Terceiro Fórum da Iniciativa do Cinturão e Rota. Em 2023 o projeto de cooperação e investimentos Sul-Sul completa uma década.

Apoio internacional 

Em Cuba, a solidariedade com o povo palestino vai além das manifestações pedindo o fim dos ataques israelenses a Gaza. Muitos jovens palestinos vão à ilha estudar medicina, conhecimento que depois é aplicado em seu próprio país.

O Central do Brasil é um programa do Brasil de Fato, exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras. 

Edição: Thalita Pires