Massacre

Israel confirma ataque a campo de refugiados em Gaza; 50 pessoas morreram segundo diretor de hospital

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Jagari, confirmou que caças israelenses atacaram o campo de Jabalia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Palestinos buscam feridos nos escompros do campo de refugiados Jabalia, em Gaza - Fadi Alwhidi / AFP

Um ataque aéreo israelense atingiu o campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, nesta terça-feira (31) e provocou a morte de pelo menos 50 pessoas, segundo o diretor do Hospital Indonesian, localizado nas proximidades do ataque.O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Jagari, confirmou que caças israelenses atacaram o campo de Jabalia com o objetivo de atingir a infraestrutura subterrânea do Hamas.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Catar, comandado por Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, condenou o bombardeio e afirmou que a ofensiva israelense compromete as negociações com o Hamas. O Catar tem mediado a libertação de reféns israelenses.

"A expansão dos ataques israelenses na Faixa de Gaza para incluir objetos civis, como hospitais, escolas, centros populacionais e abrigos para pessoas deslocadas, é uma escalada perigosa no curso dos confrontos, que pode prejudicar a mediação e os esforços de desescalada", diz o texto.

Na segunda-feira, a Força Aérea israelense afirmou ter atingido 600 alvos de domingo para segunda, no maior ataque desde o início do conflito, além de ampliar a presença de tropas no território por via terrestre.

Contexto

O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos. 

A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região. 

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Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos EUA –  foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se  reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense. 

O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região. 

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.

Edição: Nicolau Soares