Massacre

A possibilidade de uma 'guerra total' é realista, diz líder do Hezbollah sobre ataques de Israel

'Estamos preparados para todos os cenários', disse Hassan Nasrallah em seu primeiro pronunciamento nesta sexta-feira (3)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah fez seu primeiro pronunciamento sobre a guerra nesta sexta-feira (3) - Al Jazeera

A possiblidade de uma "guerra total" que envolva o Líbano e outros países muçulmanos contra Israel é realista, disse nesta sexta-feira (3) o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. Em seu primeiro pronunciamento desde o início do conflito em Gaza, ele afirmou que o grupo está preparado para "todos os cenários". "Todas  as opções estão abertas no front libanês, podemos adotar qualquer posição, a qualquer momento."

A escalada do conflito, ressaltou Nasrallah, depende das ações de Israel em Gaza. O líder do Hezbollah disse para evitar uma guerra regional, é preciso parar o mais rápido possível a guerra na Faixa de Gaza e convocou os países árabes e muçulmanos a "trabalharem juntos para acabar com a guerra".

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O Hezbollah tem dois objetivos principais em relação ao conflito, anunciou Nasrallah, o primeiro é parar a guerra e o segundo é que o Hamas seja vitorioso.

Ele afirmou que o Hezzbolah entrou no front contra Israel na fronteira com o Líbano a partir do dia 8 de outubro, dia seguinte ao ataque supresa do Hamas, e desde então vem ampliando suas operações na região, forçando Israel a manter cerca de um terço das suas tropas perto da fronteira com o Líbano, em vez de Gaza ou da Cisjordânia ocupada. "A resistência no Líbano entrou em uma verdadeira batalha, diferente de todas as do passado, de 2002 ou 2006, totalmente distinta em termos de ferramentas, alvos, estratégias", disse.

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Desde o início do conflito, 57 combatentes do Hezbollah foram mortos.

Contexto

O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos. 

A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região. 

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Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos Estados Unidos –  foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se  reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense. 

O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região. 

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.

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Edição: Vivian Virissimo