Estados Unidos

Nos EUA, greve do setor automobilístico termina em vitória histórica para os trabalhadores

Com medo da sindicalização, montadoras sem trabalhadores representados pelo UAW começam a anunciar aumentos de salários

Brasil de Fato | Nova York (EUA) |
Shawn Fain, presidente recém eleito do UAW, se projetou como uma figura política nos Estados Unidos - AFP

O sindicato que representa os trabalhadores do setor automobilístico nos Estados Unidos, UAW, fechou um acordo com as chamadas “big three”, as três grandes montadoras de Detroit: GM, Ford e Stellantis (fabricante de carros Jeep, Chrysler e outros). O acordo é tão histórico quanto a greve que o precedeu, e já está afetando positivamente até mesmo trabalhadores não sindicalizados de outras montadoras.

A greve durou quase 7 semanas e gerou um prejuízo aproximado de US$ 4,2 bilhões às empresas. Sob nova direção, o UAW reverteu uma maré de derrotas que vinha desde o fim dos ano 1970, garantindo uma primeira grande vitória aos trabalhadores em décadas.

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O novo contrato contará com um aumento salarial imediato de 11% e um aumento de 25% até abril de 2028. Os salários reais, porém, devem ir além, pois o acordo também garante recuperação de poder de compra em relação à inflação, atingindo um aumento de 33% ao final do contrato. Já o salário inicial dos novos trabalhadores vai ter um reajuste de 70%.

A vitória incontestável dos trabalhadores está sendo tratada pela mídia como uma virada de chave histórica, que coloca os sindicatos novamente na ofensiva em todo o país. A greve do UAW deve servir como inspiração para outros trabalhadores exigirem melhora na qualidade de vida.

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Impacto é sentido em toda a indústria


A Toyota, que não conta com trabalhadores sindicalizados, anunciou na quarta-feira (1) um aumento salarial de aproximadamente 9% para seus funcionários. A Honda, que também não possui força de trabalho sindicalizada, deve anunciar aumentos em breve.

As respostas das outras montadoras acontecem após Shawn Fain, o presidente recém eleito do UAW, anunciar após a vitória, que o objetivo do sindicato seria organizar trabalhadores das grandes montadoras que não são sindicalizados, como Toyota, Honda e Tesla. 

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Na quinta-feira, em uma live sobre as vitórias alcançadas no contrato com a Stellantis, Fain afirmou: “a Toyota não está dando aumentos pela bondade do seu coração. A Toyota é a maior e mais lucrativa empresa automobilística do mundo. Eles poderiam, simplesmente, ter aumentado salários há um mês atrás, ou há um ano atrás. Eles aumentaram agora porque a empresa sabe que estamos indo atrás deles”.

Muitas vezes comparado a Bernie Sanders, com quem por muitas vezes dividiu púlpitos, Shawn Fain se consolidou como uma figura política proeminente no país. Um líder sindical que pode ir muito além. Na mesma live de quinta-feira, ele afirmou: “o nosso sindicato mostrou ao mundo o que é possível quando trabalhadores se unem para lutar por mais”.

Edição: Leandro Melito