17 dias depois

Com readmissão de demitidos e dias parados pagos, metalúrgicos da GM encerram greve

Os 11,5 mil trabalhadores aprovam estado de greve para voltar a cruzar os braços caso a empresa não cumpra acordo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Assembleia unificada nesta quarta (8) aprovou a suspensão da paralisação após reivindicações atendidas - Cristiane Cunha

Cerca de 11,5 mil metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos (SP), Mogi das Cruzes (SP) e São Caetano do Sul (SP) aprovaram em assembleia nesta quarta-feira (8) a suspensão da greve e o retorno ao trabalho.  

Depois de 17 dias com as três fábricas paradas, a categoria conseguiu o cancelamento da demissão de 1.244 trabalhadores, inclusive por determinação judicial. Os metalúrgicos despedidos por telegrama no último 21 de outubro estão, agora, de licença remunerada. Além disso, a empresa concordou em não descontar os dias paralisados do salário dos grevistas.  

A assembleia, que aprovou também a permanência do "estado de greve" caso a GM não cumpra o acordo, aconteceu depois de uma reunião de 12h de duração entre dirigentes sindicais e representantes da empresa de automóveis.  

A negociação foi demorada porque inicialmente a montadora insistiu em descontar a remuneração dos dias parados. Eram 2h da manhã desta quarta (8) quando a reunião chegou à proposta que, depois, foi aprovada em assembleia.

"A GM ficou também de abrir um calendário de negociações para achar caminhos para cumprir a preservação dos empregos", conta Valmir Mariano, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.  

Com as demissões que tentou levar adiante, a empresa havia descumprido um acordo firmado com os sindicatos em julho deste ano. Em troca de cerca de 1,2 mil metalúrgicos estarem em lay off, ou seja, com contratos de trabalho suspensos temporariamente, a montadora tinha se comprometido em garantir a estabilidade de emprego de todos os funcionários até 3 de maio de 2024. 

A gigante da indústria automotiva se viu obrigada a voltar atrás com as demissões de cerca de 10% do quadro de funcionários somados das três fábricas depois que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) rejeitou seu pedido liminar para que o corte fosse mantido. 

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O Brasil de Fato pediu um posicionamento da General Motors sobre o fim da greve e os compromissos firmados, mas não teve resposta até o fechamento da matéria.  

"Não vamos baixar a guarda"

Em nota, o Sindicato de São José dos Campos considerou "a luta contra as demissões da GM" como "uma das mais importantes da categoria metalúrgica".  

David Carvalho, vice-presidente da entidade em Mogi das Cruzes, não se lembra da última vez em que houve uma greve unificada da categoria deste porte e com o sucesso nas reivindicações pleiteadas.  

"Eu avalio como uma grande vitória não só dos trabalhadores da GM, mas da classe trabalhadora do Brasil, porque se essa moda pega de fazer demissão por telegrama, logicamente as empresas iam usar deste mesmo desrespeito. Então fomos para cima, combatemos essa injustiça e graças a Deus fomos vencedores", expõe Carvalho.  

"Essa greve também foi um resgate do movimento sindical, que foi tão discriminado no governo Bolsonaro, com a reforma trabalhista tirando direito dos trabalhadores, retirada de financiamento do movimento sindical. Estamos como a fênix, renascendo das cinzas", avalia David Carvalho. "E estamos aqui para isso, lutar, defender e resgatar a dignidade dos trabalhadores", finaliza. 

Comemorando o desfecho da mobilização, Valmir Mariano deixa claro que o movimento "não vai baixar a guarda". "A qualquer movimento da empresa no sentido de colocar em risco empregos e direitos, a greve será retomada".  

Edição: Thalita Pires