Pouco antes do fim da votação do segundo turno presidencial argentino neste domingo (19) as campanhas do peronista Sergio Massa e do ultra liberal Javier Milei trocaram se acusaram de fraudarem a eleição.
Em Tigre, na província de Buenos Aires, onde vota, a companheira de Massa, Malena Galmarini, acusou a campanha de Milei de rasgar cédulas do peronista de “forma sistemática.”
“Nos acusaram de fraude no primeiro turno e os que rasgaram ou tentam rasgar a transparência deste processo eleitoral democrático são os que nos acusaram”, disse Galmarini, que é uma das principais lideranças da campanha de Massa.
Mais cedo, Karina Milei, irmã de Javier Milei e coordenadora da campanha de extrema direita, informou à Justiça Eleitoral que cédulas antigas foram dadas a eleitores de seu irmão, o que invalidaria o voto.
No bunker da campanha de Massa, o temor é que o tema da fraude ganhe vulto após a divulgação do vencedor, independente do vencedor. A Argentina não usou urnas eletrônicas nessa eleição. O resultado deve ser conhecido ainda na noite de domingo e oficializado em até 48h.
Comparecimento
A autoridade eleitoral argentina informou que 76% dos eleitores argentinos compareceram às zonas eleitorais, um percentual ligeiramente superior ao registrado no primeiro turno (74%) no encerramento da votação. Posteriormente, a taxa de comparecimento do primeiro turno foi oficialmente estabelecida em 77%.
A eleição deste ano, ocorrendo em meio a uma crise profunda, é considerada a mais acirrada na história do país, e o resultado pode ser decidido em detalhes. A campanha liderada por Massa, atual ministro da Economia, apostou na rejeição dos eleitores diante das propostas de Milei, como a dolarização, o fechamento do Banco Central e a saída do Mercosul. Ao votar, o candidato enfatizou que a Argentina precisa ingressar em uma nova fase, destacando a necessidade de "boa vontade, inteligência e capacidade, além do diálogo e consenso indispensáveis para que nosso país trilhe um caminho mais virtuoso".
Milei enfatizou a responsabilidade de Massa pelos problemas econômicos e a necessidade de alterar o curso político do país, historicamente limitado à alternância de poder entre peronistas e radicais, uma dinâmica que foi desafiada pela ascensão de Milei. "Esperamos que amanhã (20) traga mais esperança do que continuidade e decadência. Que tenhamos um novo presidente eleito esta noite", declarou.
Apesar da campanha intensa e polarizada, incluindo acusações não comprovadas de falta de confiabilidade no sistema eleitoral pela campanha de Milei, a votação ocorreu sem incidentes graves. O único incidente notável foi a detenção de um adolescente de 16 anos em Buenos Aires, acusado de roubo de cédulas de votação para prejudicar o candidato ultraliberal.
Edição: Rodrigo Durão Coelho