ajuste de contas

Lula veta desoneração da folha de pagamento, e Haddad promete alternativa

Medida, implementada em 2011, reduzia contribuição de empresas à Previdência para empresas de 17 setores

Brasil de Fato | Curitiba (PR)* |

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Empresários terão de voltar a fazer contribuição à Previdência Social a partir de janeiro de 2024 - Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou integralmente o projeto de lei aprovado no Congresso Nacional que estendia até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e de pequenos municípios. Com o veto, a desoneração perde a validade no final deste ano, conforme previsto em lei de 2017.

Implementada em 2011 como medida temporária, a política de desoneração da folha vinha sendo prorrogada desde então. Ela reduz a contribuição para a Previdência Social de setores intensivos em mão de obra para entre 1% e 4,5% sobre a receita bruta. Sem elas, esses setores deverão recolher contribuições de 20% da folha de pagamento.

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Os 17 setores afetados são: confecção e vestuário; calçados; construção; call center; comunicação; obras de infraestrutura; couro; fabricação de veículos; máquinas e equipamentos; proteína animal; têxtil; tecnologia da informação; tecnologia de comunicação; projeto de circuitos integrados; transporte metroferroviário; transporte rodoviário coletivo; e transporte rodoviário de cargas.

 

 

Durante a tramitação do projeto de lei, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu que o tema fosse discutido só após a promulgação da Reforma Tributária, que ainda tramita na Câmara. A reforma já prevê a reformulação do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Em junho, o ministro também havia dito que o projeto era inconstitucional.

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Nesta sexta-feira (24), Haddad fez um pronunciamento em São Paulo e ratificou que o projeto foi vetado por Lula pois, na visão da Advocacia-Geral da União (AGU), ele realmente contraria a Constituição. Segundo o ministro, a Reforma da Previdência, de 2019, proíbe a concessão de benefícios fiscais que reduzem a arrecadação para aposentadorias.

Haddad afirmou que a chamada PEC Emergencial, promulgada em 2021, determina que o governo federal revise todos os benefícios fiscais concedidos pela União em até oito anos. Ele lembrou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem trabalhado nisso, inclusive encaminhando ao Congresso propostas para reduzi-los e aumentar a arrecadação. Para Haddad, é preciso “um freio de arrumação” nessas concessões, até porque o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro reduziu a arrecadação de impostos em R$ 300 bilhões em busca da reeleição que não veio, disse Haddad.

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O ministro prometeu, contudo, encaminhar ao Congresso Nacional uma proposta de solução para a questão das desonerações ainda neste ano. A medida visará atender a demanda de empresários pelo corte de impostos.

“Eu não estou alheio ao problema que isso pode acarretar, embora meu papel não seja ficar cedendo a chantagem”, afirmou. “Tenho que ter clareza do que tenho que fazer".

Edição: Rodrigo Durão Coelho