ORIENTE MÉDIO

Ataque a tiros deixa três mortos e seis feridos em Jerusalém; Hamas reivindica autoria

Dados mostram que, durante a pausa humanitária, Israel prendeu mais palestinos do que soltou

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Judeus ortodoxos observam a cena do ataque, cometido por membros do Hamas armados de pistola e rifle - RONALDO SCHEMIDT / AFP

Na manhã em que o Hamas e Israel anunciaram uma extensão da pausa humanitária para libertação de reféns e prisioneiros, um ataque a tiros na entrada de Jerusalém deixou três pessoas mortas e seis feridas, duas delas gravemente.

Segundo a polícia israelense, dois atiradores palestinos armados com uma pistola e rifles M16 abriram fogo nesta quinta-feira (30) contra pessoas em um ponto de ônibus — o mesmo onde havia ocorrido um ataque a bomba fatal cerca de um ano atrás — num cruzamento por volta das 7h40 (horário local), após chegarem ao local num veículo. Mais tarde, o Hamas reivindicou a autoria do ataque, chamando os responsáveis (dois irmãos de 30 e 38 anos) de “mártires da Jihad”.

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Segundo a agência de segurança Shin Bet, eles eram membros do Hamas e já haviam sido presos por atividades consideradas terroristas. Após o atentado, eles foram mortos por dois soldados das Forças de Defesa de Israel e um civil, que atiraram neles. Segundo a polícia, os policiais invadiram a casa dos dois e prenderam seis membros de suas famílias, incluindo seus pais, para interrogatório.

Israel solta, mas prende mais ainda

Os dois lados em conflito anunciaram que estenderiam a pausa nos combates. O Catar, que media as negociações, disse que a extensão duraria mais um dia, enquanto autoridades israelenses seguem insistindo que não haverá cessar-fogo permanente.

Após o Hamas libertar 16 reféns e Israel libertar 30 prisioneiros na quarta (29), está prevista uma nova leva nesta quinta. Desde o início da pausa, na última sexta-feira, foram libertados 210 prisioneiros palestinos (mulheres e menores de idade), 73 reféns israelenses e 24 reféns de outras nacionalidades, segundo o escritório da Nações Unidas (ONU) para assuntos humanitários.

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No entanto, números da Sociedade dos Prisioneiros Palestinos mostram que Israel prendeu mais palestinos do que libertou durante a pausa: foram 240 encarcerados no mesmo período em que 210 foram soltos.

A porta-voz da sociedade, Amany Sarahneh, disse que mais de 3.360 palestinos na Cisjordânia ocupada foram presos desde 7 de outubro, dia do ataque-surpresa do Hamas que serviu de pretexto para o massacre em Gaza. Apenas entre a tarde de quarta (29) e a manhã de quinta (30), pelo menos 40 foram detidos.

Segundo o o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, as forças israelenses feriram mais de 3 mil palestinos, incluindo centenas de crianças, na Cisjordânia. Quase todos foram feridos no contexto de manifestações, buscas e prisões ou outras operações.

Por um Estado palestino

O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, se reúne nesta quinta com autoridades israelenses e palestinas. Com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, é o segundo encontro neste mês. Embora Abbas seja impopular junto a boa parte dos palestinos, tanto que a Faixa de Gaza é governada pelo Hamas, a administração de Joe Biden deposita esperanças na Autoridade Palestina como futura gestora tanto da Cisjordânia quanto de Gaza.

Antes da visita, Blinken disse que buscava planejar “o dia após o dia seguinte”, uma estratégia mais ampla para alcançar um acordo de paz que envolva a criação de um Estado palestino. Afirmou também que a pausa nos combates está “produzindo resultados”.

 

Com informações do The Times of Israel e The Washington Post.

Edição: Rebeca Cavalcante