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'Diário de um Órfão': espetáculo em cartaz no Rio de Janeiro pauta os desafios de crianças que perderam os pais

Baseado na vida do autor Saulo Rocha, que ficou órfão aos 7 anos, peça tem apresentações beneficentes em dezembro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Toda a renda da peça será destinada para ONG que tem projetos para crianças e adolescentes que moram em abrigos no Rio - Divulgação/Juliana Moreiria

O espetáculo “Diário de um Órfão” está em cartaz no Rio de Janeiro com apresentações beneficentes na Sala Baden Powell, no Teatro Copacabana, na zona sul, até o dia 10 de dezembro. A peça é uma obra solo poético-musical que aborda os órfãos no Brasil e joga luz sobre a situação de crianças e adolescentes que perderam os pais, principalmente depois da pandemia da covid. 

A peça marca os sete anos da Cia Teatro de Afeto e um ano da Ong Nasci para Brilhar. A concepção, dramaturgia e atuação é do diretor da companhia, Saulo Rocha, que ficou órfão de pai e mãe ainda na primeira infância, e que desde a adolescência escreve diários sobre suas memórias, processos artísticos, poemas e músicas.

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“A falta de políticas públicas faz com que essas crianças que vivem em orfanatos ou abrigos sejam ‘jogadas na rua’ após completarem 18 anos, e muitos deles torcem para que os voluntários da ONG, por exemplo, adote antes de chegar na idade de saírem dos espaços”, afirma Saulo. 

O projeto teatral conta também com histórias de outras pessoas órfãs e traz questionamentos sociais importantes para que políticas públicas voltadas para estas pessoas sejam implementadas.  

Órfãos da covid

O espetáculo tem como um dos princípios a inclusão, principalmente de crianças e adolescentes órfãos, na arte, na cultura, e toda a renda da peça será destinada para ONG Nasci para Brilhar.

A entidade tem projetos que levam arte e cultura para crianças e adolescentes que moram em abrigos, e que, atualmente, atende de forma contínua os 20 moradores da Casa de Acolhimento Frei Carmelo Cox, localizada no bairro de Vila Isabel, zona norte do Rio.

O Brasil tem uma das maiores populações órfãs do mundo, com números que se agravaram após a pandemia. Segundo um levantamento da Organização Imperial College, do Reino Unido, no mundo, são mais de 5 milhões de órfãos menores de idade.

Já o Brasil contabilizou mais de 194 mil novas crianças e adolescentes órfãos somente depois da crise sanitária. Um grande percentual dessas crianças e adolescente tornaram-se órfãos ou por feminicídio ou abandono paterno.

De acordo com Saulo, a peça é uma continuação da sua pesquisa sobre órfãos no Brasil e uma forma de gerar empatia junto ao público sobre esse tema. 

“O que notamos é que quase não tem criança branca nos abrigos. São, em sua grande maioria, crianças negras, que perderam a mãe por algum motivo e os pais desaparecem. O feminicídio no Brasil atinge principalmente as mulheres negras e não existem políticas públicas que abracem essas crianças e adolescentes”, lamenta Saulo. 

Serviço

Espetáculo Diário de um Órfão

Sextas, sábados e domingos às 19h30

Sala Baden Powell (Rua General Barbosa Lima, 68, Copacabana)

Duração: 55 min

Classificação 14 anos

Ingressos por contribuição voluntária, com retirada no Sympla

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Clívia Mesquita