Estreia nesta terça-feira (12), no 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o documentário “Glitter Carnavalesco”, que narra a história do primeiro bloco de carnaval de drag queens do Distrito Federal, o “Bloco das Montadas – o bloco da diversidade”, idealizado e organizado pelo Coletivo Distrito Drag. A exibição acontece às 18 horas, no Cine Brasília, com entrada gratuita.
O curta será exibido na Mostra Brasília de Curta-Metragens do festival e apresenta a formação do Bloco das Montadas, criado em 2018 e protagonizado por artistas drag queens. Em 2019, 2020 e 2023, o Bloco foi eleito, por voto popular, como o melhor e mais seguro bloco de carnaval do DF em premiação realizada pelo Correio Braziliense.
A cineasta sergipana, Marla Galdino, assina direção e roteiro e ressalta que a construção do documentário foi coletiva, “que passa pela compreensão e pelas mãos de todas as pessoas da equipe". O filme é constituído a partir de pesquisa documental, imagens de arquivo e entrevistas com as artistas drags fundadoras.
:: Programação diversa e tecnologia são promessas do Festival de Brasília ::
Marla Galdino explica ainda que acompanhou o coletivo desde o início. “Ao longo do tempo fui construindo imagens do bloco, das drags, das festividades. Como o audiovisual tem uma forte função de construir memória, entendemos a oportunidade de apresentar a construção do bloco ao longo das edições. Retratamos quem são as pessoas que fazem o bloco e que se apresentam no domingo de carnaval como drag queens, como elas se conheceram, qual o processo de vida de cada uma, e como chegaram à criação do coletivo e das ferramentas que usam para atuar socialmente”, destaca.
'Glitter Carnavalesco' também apresenta os desafios de fazer um bloco de carnaval. “O bloco é uma organização coletiva e política para a comunidade LGBTQIAPN+ e para a sociedade do DF como um todo, porque é um espaço verdadeiramente democrático", explica Marla Galdino.
Para a cineasta, o Bloco das Montadas não é só um bloco festivo, é um processo coletivo político e cultural onde as pessoas se comprometem a fazer cultura o ano inteiro. “Então eu vejo isso como um grande projeto de cultura, que passa pela dança, pela música, pela arte drag e pelo cinema, porque o cinema é um lugar de memória e é um lugar de criar discurso e memória”, disse.
O filme foi produzido com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. “O documentário é resultado de um processo de incentivo cultural, sendo que o Bloco das Montadas também, então é bom ver em perspectiva de como é importante a presença do Estado para apoiar quem faz e produz cultura no DF”, ressalta Marla Galdino.
Fazer cinema
A estreia do filme no Festival de Cinema de Brasília é um marco para Marla Galdino, que é formada em Audiovisual pela Universidade Federal de Sergipe. “É a primeira vez que estou participando do Festival do Brasília, um festival tão importante para dar visibilidade às produções audiovisuais de pessoas de todo o país”, disse.
Além de ‘Glitter Carnavalesco’, Marla roteirizou e dirigiu em 2016 o documentário “Tiro, Pólvora e Canção: Uma História Contada”. “Ter um filme escolhido para ser exibido na Mostra do Cinema Brasileiro, me coloca em um lugar de reflexão, de como é possível fazer cinema, de não desistir do cinema. Tentar construir um lugar dentro do audiovisual, do cinema brasileiro, sendo mulher, é muito difícil e muitas vezes doído, porque a gente tenta construir processos para participar e na maioria das vezes não somos incluídas. O cinema é um espaço muito masculino e excludente para mulheres”, destaca.
Marla Galdino destaca ainda que a estreia do filme no Festival mostra que é possível “colocar a sua ideia, roteirizar, construir uma equipe e realizar o seu filme. E ainda mais acreditar que você pode sim ter a sua ideia exibida em um grande festival. A expectativa é que outras pessoas possam se formar a partir do que você tem a oferecer, a partir da construção de um filme que você teve coragem de colocar pra frente”.
Entrada franca - retirada do ingresso 2 horas antes, na bilheteria.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Márcia Silva