2,6 mil apartamentos

Em palco com Boulos em SP, Lula assina obra do Minha Casa, Minha Vida em ocupação do MTST

O evento em Itaquera é o primeiro do presidente junto com o aliado, desde que Boulos lançou a pré-campanha à prefeitura

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Para um público de milhares de pessoas, o presidente anunciou a construção de 2,6 unidades habitacionais - Elineudo Meira / @fotografia.75

No primeiro evento dividindo palco com Guilherme Boulos (PSOL) desde que o deputado federal lançou a pré-campanha para disputar a prefeitura de São Paulo, o presidente Lula (PT) assinou o início de um novo empreendimento do programa Minha Casa, Minha Vida em Itaquera, zona leste da capital paulista.  

Na solenidade deste sábado (16) foi firmado o contrato das obras de um empreendimento em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), do qual Boulos é liderança. Os 2,6 mil apartamentos serão construídos no terreno da Ocupação Copa do Povo, abandonado há 20 anos antes de ser ocupado pelo movimento às vésperas da Copa do Mundo em 2014. 

Além de Lula, estavam presentes o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira, e os ministros Fernando Haddad, da Fazenda; Marina Silva, do Meio Ambiente; Jader Filho, das Cidades; Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. 

Depois da fala de uma moradora da ocupação, Kelli Silva, que tirou uma foto com o presidente segurando a bandeira do MTST ao som de “olê olê olá, Lula, Lula” por parte do público, quem tomou a palavra foi Boulos. Agradecendo o presidente por “devolver a esperança para o povo mais pobre deste país”, o candidato chamou o ato de “um exemplo contra o preconceito”.  

“Tem gente que tem preconceito com movimento social. Que acha que as pessoas lutando por suas casas é gente desordeira, que quer tomar dos outros, que quer ganhar de graça. E não é assim, não”, afirmou Boulos.  

Lula citou a ausência, apesar de convidados, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputará a eleição com Boulos. “Mas se viessem, seriam tratados com respeito, porque educação a gente aprende em casa”, disse. 

“A luta de vocês é aquilo que faz a gente viver muito”, afirmou Lula ao público de milhares de pessoas. “Quando eu digo que vou viver até 120 anos de idade não é só porque creio em Deus e gosto da vida. É porque se a gente não tiver uma causa e não tentar brigar por aquela causa, a gente não tem nada”, disse o presidente. 


A Ocupação Copa do Povo surgiu em 2014 ao lado do estádio, como forma de pressão do MTST sobre o governo federal / Elineudo Meira / @fotografia.75

“O que vocês estão conquistando hoje não é mérito do governo Lula, não é mérito de Boulos. É mérito da coragem que vocês tiveram de resistir a tudo e a todos”, completou Lula, sob aplausos. 

A eleição de 2024 será a primeira na qual o PT não vai ter candidato próprio à prefeitura de São Paulo. O apoio de Lula à candidatura de Boulos foi selado em 2022, quando o líder do MTST abriu mão de concorrer ao governo do Estado para apoiar Haddad. O acordo é que a vice da chapa, para o qual o nome de Marta Suplicy é ventilado, será escolhido pelo PT.   

A Ocupação Copa do Povo 

Era maio de 2014 quando 2,5 mil famílias organizadas pelo MTST ocuparam o terreno a menos de 4km da Neoquímica Arena, o estádio do Corinthians então recém-construído para sediar a abertura da Copa do Mundo. As mobilizações de junho de 2013 estavam frescas na memória do país e o MTST vivia uma expansão.  

Pressionada às vésperas do início da competição, a então presidenta Dilma Rousseff (PT) foi de helicóptero até a zona leste negociar com representantes do MTST, Boulos incluído. A ocupação corria risco de despejo e naquele mesmo dia, o movimento tinha feito protestos nas sedes das construtoras OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, denunciando o lucro obtido com a construção dos estádios enquanto a população lutava para acessar serviços básicos.  

Na reunião, o governo federal se comprometeu a fazer estudos para avaliar a desapropriação da área da Ocupação Copa do Povo para a construção de moradias populares e de encaminhar as demais demandas do movimento ao Ministério das Cidades.  

Edição: Camila Salmazio