'Guerra Fria 2.0''

Finlândia na Otan: Putin adverte aliança e diz que Rússia era o 'único garantidor da soberania da Ucrânia'

Líder russo afirmou que Moscou negociará a paz na Ucrânia apenas nos seus próprios termos

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

Ouça o áudio:

Putin discursou nesta terça-feira (21) para os parlamentares russos com um balanço sobre economia, guerra e tratados nucleares - Ramil Sitdikov / Sputnik /AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, novamente acusou o Ocidente de "enganar" a Rússia na questão da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ao mesmo tempo, ele observou que o país não tem pretensões de lutar contrar a Europa e a aliança militar do Atlântico Norte. 

A declaração foi durante um discurso em reunião ampliada do Conselho do Ministério da Defesa russo nesta terça-feira (19). Ao comentar a situação da guerra na Ucrânia, Putin afirmou que a Rússia era "o único garantidor da soberania de Kiev" e que o Ocidente se comportou "ilegalmente" e forçou a Rússia a "responder". 

:: Como as negociações sobre entrada da Ucrânia na UE podem afetar guerra com a Rússia ::

Vladimir Putin destacou que a Rússia negociará a paz na Ucrânia apenas nos seus próprios termos e não vai abandonar os objetivos da "operação militar especial" (nome oficial usado pelo Kremlin para se referir à guerra da Ucrânia). 

"O Ocidente não vai desistir da sua estratégia de conter a Rússia e dos seus objetivos agressivos na Ucrânia. Mas também não vamos desistir dos nossos objetivos da operação militar especial", disse Putin. 

Ao falar especificamente sobre a situação na linha de frente, o presidente enfatizou que hoje o exército russo tem a iniciativa de combate na linha de contato, acrescentando que "o mito da invulnerabilidade do equipamento militar ocidental tinha desmoronado".

Finlândia na Otan aumenta tensão na fronteira

No último domingo (17), ao comentar o ingresso da Finlândia à Otan, o líder russo disse que o país vizinho "agora terá problemas" devido à adesão à aliança militar. 

"Eles pegaram a Finlândia e a arrastaram para a Otan. Tivemos alguma disputa? Todas as disputas, inclusive as de natureza territorial, foram resolvidas há muito tempo, em meados do século 20. As relações foram as mais gentis e cordiais (com a Finlândia)", destacou.

O presidente russo afirmou que agora, com a entrada da Finlândia no bloco militar ocidental, a Rússia criará um distrito militar na fronteira onde irá concentrar unidades militares.

:: Rússia envia tropas para a fronteiras com Finlândia e Polônia, elevando a tensão na Europa ::

O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, por sua vez, ao comentar o aumento da presença militar na fronteira, disse que Moscou "leva em conta o acordo assinado entre os EUA e a Finlândia, que prevê a utilização de 21 instalações militares finlandesas pelos americanos, incluindo todas as quatro bases aéreas".

Segundo o ministro, como resposta proporcional às ameaças externas, o tamanho das Forças Armadas da Rússia será aumentado para 1,5 milhão de militares no futuro próximo.

A Finlândia tornou-se oficialmente o 31º membro da Otan em 4 de abril deste anos). A entrada da Finlândia na aliança militar liderada pelos EUA representa um rompimento da posição de neutralidade que o país manteve por décadas para não prejudicar as relações com a União Soviética e depois com a Rússia. A guerra que a Rússia iniciou com a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 mudou a posição de Helsinque. 

A extensão da fronteira terrestre entre a Finlândia e a Rússia é de mais de 1.270 quilômetros. Ou seja, na prática, a borda da Rússia com a Otan dobrou de tamanho. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho