Paraná

RETROSPECTIVA 2023

BALANÇO 2023 | A luta pelo direito à diversidade e a garantia da vida digna

Conferência Nacional LGBTQIA+ está marcada para maio de 2025

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Morte de lésbicas que cresceu mais de 200% nos últimos três anos de acordo com o Dossiê do Lesbocídio - Foto: Divulgação / SMADC

Você sabia que só após muita pressão de organizações da sociedade civil, o IBGE anunciou que incluiria questões sobre identidade de gênero e sexualidade? Começamos este balanço assim porque é necessário apontar: em uma sociedade extremamente conservadora, quem sofre com a invisibilidade somos nós LGBTQIA+, seja no marco da medição de quantos somos e quais nossas principais demandas enquanto grupo social ou mesmo construção de políticas públicas.

Em 2023 as deputadas federais Erika Hilton (PSOL-SP), Duda Salabert (PDT-MG), Dandara (PT-MG) e Daiana Santos (PCdoB-RS) apresentaram 21 projetos de lei com foco na população LGBT, desses, um terço são relacionados ao combate à violência, o que demonstra quão longo é o caminho para a cidadania quando o assunto é diversidade.

Este ano, no bojo da retomada das conferências de participação social, tivemos a convocação para 2025 da Conferência Nacional LGBTQIA+, que está marcada para acontecer em maio, com o tema “Construindo a Política Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+”, uma conquista importante para a construção participativa e democrática.

No entanto, casos como o de Carol Campêlo, encontrada morta com sinais de brutalidade, segue sem respostas, na última semana de dezembro, em um novo episódio de violência e preconceito, uma mulher de 34 anos foi agredida com um soco ao sair do banheiro feminino em Recife, ela teria sido confundida com uma mulher trans. Estes casos de violência extrema recorrentes no Brasil demonstram o tamanho do desafio que temos diante de uma sociedade conservadora, misógina e preconceituosa, são dois flancos de atuação: A pressão social para construção de políticas públicas que protejam a população LGBTQIA+; A disputa ideológica em torno do respeito à diversidade.

Não haverá avanço no marco do bem-viver e do respeito à nossa existência, enquanto formos pauta apenas no mês da visibilidade ou para peças publicitarias, mais profundo que o debate sobre performance e identidade, precisamos compreender que apenas em um esforço conjunto seremos capazes de superar o conservadorismo, desmistificando, humanizando e garantindo amplos direitos à população LGBTQIA+.
 

 

Edição: Lucas Botelho