Mais de 500 pessoas em situação de vulnerabilidade que são acolhidas pelo Centro de Tecnologias Sustentáveis Para o Bem Viver Raio de Luz, em São Sebastião, vem sofrendo com ameaças de grileiros e invasores de terra. De acordo com a Cáritas Arquidiocesana de Brasília, o local sofre com especulação imobiliária e os serviços destinados, principalmente, aos migrantes venezuelanos que moram no DF estão sob risco de continuidade.
“Os grileiros estão se sentindo muito fortes e a gente de forma muito vulnerável. São constantes ameaças aos nossos acolhidos, funcionários, aos voluntários que vão lá prestar serviço e aí a gente fica em total insegurança, porque nem a água que nós temos que é de um posto artesiano, nós podemos dar manutenção”, relatou Paulo Henrique de Morais (Paulinho), que é diretor da Cáritas Arquidiocesana de Brasília, que administra o Centro Para o Bem Viver Raio de Luz.
Segundo informações da Cáritas, o terreno alvo de grileiros é uma concessão da Terracap à organização católica e tem uma extensão de nove hectares, com várias áreas de atividades que constam no Plano de Utilização da Unidade, como uma casa previsão da casa de acolhimento exclusiva para migrantes, 2 hectares de preservação ambiental e 4 hectares destinadas para o plantio.
A maioria das pessoas atendidas pelo Centro são imigrantes venezuelanos, dentre esses cerca de 120 indígenas da etnia Warao, que atualmente moram no local. Ainda são atendidas no Centro Para o Bem Viver Raio de Luz, outras famílias que moram pelas redondezas ou até em demais regiões administrativa do DF ou cidades do Entorno. Também há migrantes de outros países, principalmente de África, e brasileiros em situação de vulnerabilidade.
A administração da Cáritas se queixa da postura do governo do Distrito Federal (GDF), por meio dos diversos órgãos que já foram contatados e ainda não ajudaram a solucionar o problema, para que o trabalho de acolhimento a refugiados e migrantes possa continuar a acontecer no DF.
“A polícia diz que não pode fazer nada segundo eles, porque isso é um espaço em que é o pessoal do DF Legal que atua. O DF legal já foi lá algumas vezes, notificou, identificou quem são as pessoas, mas ficaram de voltar e fazer uma ação, mas até o momento nós estamos esperando e isso vem aumentando de forma muito forte”, relatou Paulino, destacando que acolhidos, funcionários e voluntários vem sofrendo com a ausência do poder público.
De acordo com a Cáritas Arquidiocesana de Brasília, desde 2021, até o presente momento, foram feitas denúncias à Polícia Militar do Distrito Federal, à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (SEAGRI), o DF LEGAL e o Ministério Público.
O Brasil de Fato de DF entrou em contato com diversos órgãos do GDF para comentar o assunto, mas apenas a Polícia Civil respondeu informando que não foram localizadas ocorrências apresentadas pela Cáritas. Já a Secretaria de Segurança Pública informou que não caberia a Pasta responder.
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