Dois homens quilombolas Kalunga sofreram com uma abordagem criminosa da Patrulha Rural da PM/GO na última quinta-feira (11), conforme relatos das vítimas.
Os jovens de 25 e 39 anos que foram abordados estavam em deslocamento na zona rural do município de Cavalcante (GO), numa distância de 8 km da fazenda Panorama, quando foram abordados por policiais, que estavam acompanhados por um fazendeiro, e ficaram por mais de 9 horas detidos, sem contato com familiares e advogados.
“O que aconteceu foi mais uma tentativa de amedrontar as comunidades quilombolas aqui na nossa região, mas dessa vez com participação da polícia, que deveria ser quem protegesse a população”, desabafou a liderança da Associação Quilombo Kalunga, Carlos Pereira. Segundo ele, os jovens que são trabalhadores, sem passem pela polícia estão profundamente abalados e vão precisar de acompanhamento psicológico em razão do trauma que sofreram.
Segundo relatos dos jovens ao líder da Associação eles estavam se deslocando, após realizar um trabalho voluntário na propriedade de outros quilombolas e foram surpreendidos com uma abordagem violenta da polícia, sob uma acusação falsa de furto e violação de domicílio. Eles ainda relataram que apanhado, sofreram tortura e ficaram mais de 9 horas detidos sem o direito de entrar em contato com ninguém.
“Nós vamos recorrer dessa injustiça, pois nem vou dizer que ficaram detidos. Eles foram sequestrados, numa clara tentativa de amedrontar toda nossa comunidade”, relatou Carlos Pereira, acrescentando: “Estamos muito tristes com tudo isso, pois é mais uma tentativa desses grandes fazendeiros de impedir que os quilombolas trabalhem em suas próprias terras. É uma tentativa de nos silenciar, mas não vão conseguir”.
Os dois jovens quilombolas foram levados para a delegacia de Cavalcante onde ficaram por horas sem, que estava sem a presença de delegado de polícia. Apenas quando as vítimas foram levadas, algemados, para a delegacia da cidade goiana de Campos Belos (139 km de Cavalcante), tiveram acesso ao advogado da Associação Quilombo Kalunga e quase depois de 12 horas detidos foram soltos, após o delegado constatar que não havia elementos para manter os quilombolas presos.
Polícia Militar de Goiás
Por meio da assessoria de imprensa a Polícia Militar de Goiás informou que a equipe rural de polícia foi acionada para deslocar a propriedade Fazenda Lagoinha localizada no município de Cavalcante, pois segundo o arrendatário da fazenda, que não teve o nome divulgado, havia ocorrido um furto e a violação do colchete da fazenda. Ainda segundo a PM, os jovens detidos estavam em uma uma moto próximos da sede e apesar de negarem foram atribuídos a eles o porte de uma espingarda e que “diante dos fatos apresentamos a arma de fogo e as partes envolvidas à autoridade judiciária para serem tomadas as providências cabíveis”.
A PMGO informou ainda que diante dos fatos apresentamos a arma de fogo e as partes envolvidas à autoridade judiciária para serem tomadas as providências cabíveis”. No entanto, não quis comentar as denúncias de violações, maus tratos e tortura apontadas pelos jovens no tratamento que receberam nas horas que ficaram detidos pela polícia. O Brasil de Fato DF também entrou em contato com a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública de Goiás para comentar o caso, mas ambos os órgãos não responderam.
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