LIBERDADE DE OPINIÃO

Perseguido pela Conib, jornalista Breno Altman cobra ações do governo e segue denunciando genocídio palestino

Cobertura de Altman sobre genocídio em Gaza enfrenta sete ações judiciais movidas pela Confederação Israelita do Brasil

São Paulo (SP) |

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O economista Paulo Nogueira Batista Júnior, a diplomata Claudia Assaf e o ex-deputado José Genoino são processados pela mesma entidade - AFP

Alvo de processos judiciais por fazer críticas à Israel, o jornalista e fundador do site Opera Mundi, Breno Altman declara ser vítima de censura e perseguição. A Polícia Federal abriu inquérito em dezembro para investigá-lo após uma requisição do Ministério Público Federal (MPF) baseada em uma denúncia da Confederação Israelista do Brasil (Conib).

Breno Altman, que é judeu, denuncia o massacre contra o povo palestino em Gaza desde o início do conflito entre Israel e Hamas em outubro. Ele já responde a diversos processos protocolados contra ele pela entidade.

"São 7 os processos da Conib contra mim: seis cíveis e um criminal. Minhas redes estão intactas, mas ocorreram decisões liminares, portanto provisórias, de juízes da primeira instância ordenando a retirada de determinados posts das minhas redes sociais. Paira ainda uma série de decisões que a Justiça tem que tomar, especialmente da última iniciativa da Confederação Israelita do Brasil, que é essa de censura total. Ou seja, não apenas pedindo a suspensão de todas as minhas redes sociais, mas querendo proibir de me manifestar de qualquer forma sobre o tema Palestina. Isso ainda não foi apreciado pelo juiz", explica Breno Altman.

A Conib não concorda com as opiniões do jornalista, que crítica o sionismo, corrente político-ideológica a qual ele atribui as mais de 25,7 mil mortes de palestinos, a maioria mulheres e crianças e adolescentes. Ele compara seu posicionamento de oposição ao sionismo com ser contra o fascismo ou o nazismo; e afirma existir uma diferença em relação a ser antissemita, ou seja, manifestar preconceito e ódio contra os judeus em geral.

"O sionismo não é igual ao judaísmo, ao contrário do que as entidades sionistas e o estado de Israel querem fazer crer. O sionismo é apenas uma corrente político-ideológica surgida no final do século XIX e que, a partir da metade do século XX, se constituiu na corrente majoritária entre os judeus, particularmente no que era a Palestina. Essa corrente tem dois princípios fundamentais: a criação de um estado étnico, que é o estado judeu, o estado de Israel, um estado étnico de supremacia racial; e que esse estado fosse construído na Palestina, terra ancestral dos judeus", diferencia Altman.

No fim do ano passado, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) defendeu em nota o fundador do Opera Mundi. Segundo o órgão, a determinação do MPF para investigação foi iniciada por uma queixa feita "de forma enviesada". A entidade afirmou ainda que confundir as posições antissionistas de Altman com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos defensores do genocídio cometido por Israel na Palestina. 

Breno Altman não é o único alvo da Conib. O jornalista lembra que o economista Paulo Nogueira Batista Júnior e a diplomata brasileira Claudia Assaf também respondem a processos. Recentemente, o ex-deputado José Genoino também foi denunciado em uma petição criminal da Conib.

"O objetivo desse tipo de ação judicial não é propriamente ganhar na Justiça, mas tornar um inferno a vida de vozes críticas. Seja pelos custos financeiros, seja porque toma o tempo da pessoa, seja porque consegue a sua censura nos meios de comunicação e outros espaços públicos", desabafa Altman.

O jornalista cobra ações do governo federal sobre esse tipo de censura. "O governo federal deveria atuar através do Ministério da Justiça, do Ministério dos Direitos Humanos, porque esse tipo de ataque danifica a democracia brasileira, impede o exercício de direitos constitucionais como direito à expressão e à opinião."

As críticas estendem-se às cortes superiores da Justiça, como o STF.  "Seria o caso de se pensar em medidas que impeçam esse tipo de perseguição judicial, cujo dano à democracia é evidente na medida em que impede a crítica a uma determinada corrente político-ideológica, porque as entidades que representam essa corrente se acham no direito de qualificar essa crítica como racismo, interditando o debate", argumenta.

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quarta-feira (24) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Matheus Alves de Almeida