Central do brasil

'Brumadinho não é um caso isolado: são bombas instaladas em nosso país', alerta MAB sobre situação das barragens no Brasil

Episódios como o que causou 272 mortes em 2019 podem voltar a acontecer em outras partes do país

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Além da destruição inicial, rompimento da barragem da Vale em Brumadinho deixou rios contaminados - Movimento dos Atingidos por Barragens

No dia em que o Brasil lembra as 272 vítimas rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, maior crime ambiental e trabalhista da história do país, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) faz um alerta: não foi um caso isolado, e muitas pessoas no Brasil estão vivendo sob risco de tragédias semelhantes. As barragens podem ser comparadas a "bombas" que podem explodir a qualquer momento.

"Essa luta precisa ser lembrada no dia de hoje por todos os brasileiros. Não é um caso isolado: são bombas instaladas em nosso país. A falta de segurança das barragens, e também a falta de segurança das pessoas, acima de tudo, que vivem nesses locais. Temos grandes bombas no Brasil que precisam ser resolvidas imediatamente para não comprometer milhões de seres humanos que possam viver o que Brumadinho viveu", disse Joceli Andrioli, da coordenação nacional do MAB.

Em entrevista ao Central do Brasil, programa do Brasil de Fato em parceria com a rede TVT, Andrioli lamentou a impunidade. Enquanto familiares e amigos se reuniam para um ato em homenagem às vítimas, ele destacou que ainda não há qualquer punição digna do tamanho da tragédia.

"Em Minas Gerais, a Justiça, em primeira instância, teve ação extraordinária, em primeiro momento, mas depois teve acordo, entre o governador [Romeu] Zema e as instituições de Justiça, que atrapalhou todo o processo que vinha sendo desenvolvido. Na segunda instância as questões individuais não têm passado, 80% das indenizações que são reivindicadas não são atendidas, os ganhos são favoráveis à própria empresa. Há um grande desafio em relação à reparação socioeconômica dos atingidos após cinco anos desse maior desastre e crime que aconteceu aqui em Brumadinho", apontou.

Além das muitas mortes, há um prejuízos incalculáveis para as famílias que viviam na região atingida. Milhares de pessoas perderam suas fontes de renda, suas opções de lazer e atividades culturais quando aconteceu o rompimento. Além disso, os corpos de três vítimas ainda não foram localizados.

"As buscas continuam, depois de muita luta dos familiares. Tem um local determinado que estão ainda buscando esses três corpos, e a dor e o sofrimento permanecem muito grandes. Não há indenização, não há dinheiro que pague o retorno dessas pessoas a seus convívios familiares", complementou Andrioli.

A entrevista completa, concedida ao jornalista José Eduardo Bernardes, está disponível na edição desta quinta-feira (25) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube. Veja abaixo:

E tem mais!

Ramagem na mira

O bolsonarista Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e hoje deputado federal, foi alvo de operação da Polícia Federal que investiga o uso da agência de inteligência para investigação de inimigos do governo do capitão reformado.

Violência no campo

O programa destacou também a denúncia, feita por indígenas, de que policiais militares teriam agido com conivência durante o ataque que culminou com a morte de Maria de Fátima Muniz Pataxó, a Nega, e deixou mais um indígena ferido em Potiguará (BA) no último domingo (21).

O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Rodrigo Chagas