pedidos de revogação

Lula é cobrado sobre o Novo Ensino Médio em encerramento da Conferência Nacional de Educação

'Foi para isso que nos elegeram: para cobrar de nós', diz presidente

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

Ouça o áudio:

Lula (ao centro) e Camilo Santana (à direita na foto) posando com lideranças da ANPG, da UNE e da UBES - Reprodução/Twitter

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros representantes do governo ouviram cobranças de estudantes pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM) durante a cerimônia de encerramento da etapa nacional da Conferência Nacional de Educação (Conae), nesta terça-feira (30), em Brasília. O evento, que voltou a acontecer após seis anos, serviu para elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE) para o período entre 2024 e 2034.

A presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, subiu ao palco vestindo uma camisa com a frase "Revoga já", em um reforço à campanha pela derrubada do projeto aprovado pelo governo de Michel Temer (MDB). O centro de eventos da Universidade de Brasília (UnB), que recebeu o encerramento da conferência, ouviu muitos gritos e palavras de ordem no mesmo sentido, especialmente durante a fala do ministro da Educação, Camilo Santana.

"O que estamos fazendo aqui, além de trazer de volta a democracia neste país em debate: vocês estão ajudando na construção do futuro Plano Nacional de Educação, que vai ser votado no Congresso Nacional. É esse documento que vocês hoje finalizam que será o projeto-base encaminhado pelo ministério, através de projeto de lei, para o Congresso Nacional fazer um debate", disse Santana.

Ao assumir o microfone, Lula defendeu o direito de manifestação dos participantes do evento. O presidente não mencionou diretamente o pedido dos estudantes pela revogação do Novo Ensino Médio, mas garantiu que o governo está disposto a dialogar.

"Eu não me importo que o movimento reivindique do nosso governo. Foi para isso que nos elegeram: para cobrar de nós. Mas é importante a gente saber, temos que cobrar do governo que a gente elegeu, sempre cobrar de olho na realidade", disse Lula, citando o "cobertor curto" do orçamento. "Temos que 'fazer mágica' para ir definindo as prioridades. E as prioridades do governo são duas: educação e saúde pública. Em terceiro lugar cultura. Sem cultura, nenhum país vai a lugar algum."

Durante seu discurso para os estudantes, Lula ressaltou a retomada de políticas públicas para a educação suspensas ou deterioradas durante os governos de Temer e Jair Bolsonaro (PL). O petista citou a própria Conferência Nacional; o reajuste dos valores destinados à compra de merenda escolar após anos de congelamento; e a retomada dos repasses para o ministério da Ciência e Tecnologia.

Um dos pontos mais celebrados pelos participantes do ato foi o programa Pé-de-Meia, que teve o lançamento formalizado na última sexta-feira (26). Jade Beatriz, presidenta da UBES, disse que políticas públicas garantem que "filhas de empregadas domésticas e filhos de pedreiros entrem na universidade e acessem o ensino superior".

"Nós representamos a maior parte da juventude brasileira. Juventude que nos últimos anos sofreu com a herança de antigos governos que não se preocupavam com a educação. Nós estávamos cansados de escolher entre estudar e sobreviver; entre ir para escola ou ter o que comer. Mas isso mudou com a conquista da bolsa permanência dos estudantes do Ensino Médio", destacou Beatriz.

Lula aproveitou o público composto por estudantes, professores e outras pessoas ligadas à educação para prometer novos investimentos na área. Ele destacou projetos recém-lançados, como um campus avançado do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Ceará; a criação do Parque Tecnológico Aeroespacial na Bahia; e o lançamento do curso de graduação em matemática pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro.

"Nem sempre a gente consegue valorizar nossas conquistas democráticas. Muitas vezes a gente só se dá conta da importância da democracia quando a gente a perde. Isso aconteceu no impeachment da Dilma. Foi a primeira experiência que a maioria de vocês, jovens tiveram do significado da derrota da democracia. Mas só fomos descobrir de verdade quando vieram as eleições de 2018 e foi eleita uma pessoa pouco desejável nesse país, e que mal e porcamente sabia soletrar a palavra 'democracia', porque não está no vocabulário dele", resumiu.

Edição: Nicolau Soares