Novo ministro

Lewandowski toma posse no Ministério da Justiça e promete maior articulação com estados e municípios

Ao comentar sobre crime organizado, novo titular da pasta afirma que não há soluções fáceis para problemas complexos

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ricardo Lewandowski discursa em cerimônia de posse como ministro da Justiça - Ricardo Stuckert/ PR

Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandoski assumiu nesta quinta-feira, (1), o Ministério da Justiça. Em seu discurso de posse, afirmou que a pasta tem a obrigação de dar atenção à segurança pública e que irá ampliar as parcerias com estados e municípios e centralizar informações de inteligência para combater o crime organizado. 

O ministro recém-empossado elogiou o trabalho de seu antecessor, Flávio Dino, e afirmou que pretende estabelecer um “esforço nacional conjunto para neutralizar lideranças de organizações criminosas”. “Para enfrentar o crime organizado é preciso aprofundar a aliança com estados e municípios que constitucionalmente detém a prerrogativa da segurança pública”, disse Lewandowski. 

Fazendo a ressalva de que não há “soluções fáceis para problemas difíceis”, ele comentou como o aumento de penas, defendido por setores da sociedade para alguns crimes, não resolveriam o problema da criminalidade organizada. Para combatê-la, ele anunciou que pretende ampliar a integração dos dados de inteligência pública das diferentes polícias e órgãos envolvidos com o tema. 

“O Ministério da Justiça apronfudará o esforço de centralização de dados de inteligência coletados pela PF, PRF, pelas Forças Armadas, pelas policias civis e militares nos estados, pelas guardas municipais e agentes penitenciários, pelo Ministério Público e outros órgãos e entidades que possam contribuir para a identificação dos líderes criminosos”, seguiu. 

Representantes dos Três Poderes 

O evento lotou o segundo andar do Palácio do Planalto. A cerimônia reuniu autoridades dos três Poderes e os ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor para prestigiar a posse. Na bancada, estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e sua esposa Lu Alckmin, a esposa de Lewandowski, Yara Lewandowski, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ex-ministro da Justiça Flávio Dino e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Beto Simonetti. 

Ao final do evento, Lula discursou, agradeceu Dino pelo trabalho à frente do Ministério e ressaltou sua confiança em Lewandowski. “Eu fiquei feliz não por mim, fiquei feliz pelo país. Não é qualquer momento histórico em que a nação tem o direito de entregar para a Suprema Corte uma pessoa da qualidade do Flávio Dino, e não é qualquer momento histórico que a nação pode entregar para o Ministério da Justiça um homem da qualidade do Ricardo Lewandowski”, afirmou Lula. 

Dino deixa o ministério da Justiça para reassumir seu mandato no Senado até o próximo dia 22 de fevereiro, quando toma posse como ministro do STF.

Em tom descontraído, Lula relembrou o convite feito a Lewandowski. Disse que o ex-ministro do STF pediu dois dias para responder e, passado o período, lhe relatou que a esposa o apoiou. “Olha, presidente, eu conversei com a Yara, e a Yara logo que eu falei sobre o convite ela falou ‘é isso que você quer, então aceite’”, narrou Lula ao contar a conversa dos dois. 

O presidente da República ainda voltou a afirmar que Lewandowski foi convidado para o ministério com total liberdade para compor sua equipe, e que não há perseguição política a pessoas em seu governo. “Ninguém persegue ninguém, a Polícia Federal não persegue ninguém, o governo federal não quer se comprometer a fazer a segurança dos Estados, o que queremos é construir parcerias com estados para combater o crime”, disse Lula. 

A fala do petista foi feita três dias depois da operação da Polícia Federal que realizou buscas nos endereços de Carlos Bolsonaro (Republicanos), o vereador e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no âmbito da investigação sobre a existência de uma “Abin paralela” durante o governo Bolsonaro.  

Edição: Matheus Alves de Almeida