BOMBARDEIO

Bélgica exige explicações de Israel após ataque a prédio belga em Gaza

Não há relatos de vítimas, mas crise entre os dois países se aprofunda desde o início da ofensiva militar

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |

Ouça o áudio:

A ministra das Relações Exteriores da Bélgica criticou o ataque israelense contra instalações do país no território palestino - MRE da Bélgica

A Bélgica convocou nesta sexta-feira (2) o embaixador de Israel em Bruxelas para explicações após bombardeio israelense atingir as instalações de uma agência belga na Faixa de Gaza, como parte da ofensiva militar promovida pelo país contra o território palestino desde outubro. 

"Ataques contra infraestrutura civil violam as leis internacionais", postou a chanceler belga, Hadja Lahbib. O edifício belga era responsável por fornecer ajuda a palestinos em Gaza. Não há relatos de vítimas do ataque, que teria ocorrido entre quarta e quinta-feira.

Em nota oficial, a chancelaria belga afirmou que já no próximo encontro de representantes da União Europeia, "a Bélgica trará o assunto de indenizações para danos causados a projetos financiados pelo bloco ou seus membros", sinalizando que irá cobrar.

A ministra das Relações Exteriores belga reiterou apelos por um cessar-fogo em Gaza, a volta de negociações de paz e tratativas políticas que possam levar à solução, acordada há anos, de dois estados. 

Acusações

As circunstâncias do ataque que danificou o prédio belga não estão claras. A crise diplomática entre Israel e a Bélgica, entretanto, se acirrou desde o início dos ataques a Gaza.

Crítica à desproporcionalidade da ofensiva - que já matou quase 30 mil pessoas, a grande maioria de mulheres, jovens e crianças palestinas - a Bélgica foi acusada por Israel em novembro de "apoiar o terrorismo". Na época, o premiê belga, Alexander De Croo, esteve na fronteira de Gaza com o Egito acompanhando a troca de reféns israelenses e palestinos e deu declarações condenando a "violência israelense" e pedindo por "paz na região".


Manifestante pró-palestina em ato ocorrido em Bruxelas no dia 21 de janeiro / AFP

Na semana passada, a Bélgica se tornou um dos únicos países europeus a apoiar o processo movido pela África do Sul no Tribunal Penal Internacional contra o tratamento dado a Israel aos palestinos.

“Se o Tribunal Internacional de Justiça pedir a Israel o fim de sua campanha militar em Gaza, o nosso país irá apoiá-lo totalmente”, disse Caroline  Gennez, ministra da Cooperação para o Desenvolvimento e Política Urbana da Bélgica, nas redes sociais.

Outra ministra belga também se manifestou sobre o assunto na última sexta: "Hoje, o governo belga manifesta-se a favor de um cessar-fogo imediato em Gaza, da entrega desimpedida de ajuda humanitária e do apoio ao TIJ”, disse Ludivine Dedonder, ministra da Defesa.

O massacre israelense contra a Faixa de Gaza começou após ataques do Hamas, grupo que controla o território palestino, que matou mais de mil cidadãos de Israel, em 7 de outubro. Desde então, bombardeios initerruptos, corte na entrada de ajuda humanitária, água, comida, remédios e combustível levaram vários países a classificar a ofensiva como "genocídio".

Edição: Lucas Estanislau