O incêndio nesta semana na comunidade Jardim Iguatemi, em Araucária (PR), impactou três famílias, incluindo 5 crianças com idade entre 4 e 10 anos e 4 adolescentes de 10 a 16 anos.
A Associação de Moradores do Jardim Iguatemi será o centro de referência para as doações. Os pedidos são por principalmente materiais de construção, e também materiais escolares.
No espaço de menos de dois anos, é o quarto incêndio que afeta áreas de ocupação em Curitiba e região metropolitana.
Em maio de 2022, houve dois focos que se espalharam em comunidades periféricas sem regularização fundiária: uma em Vila Harmonia, na Cidade Industrial; e outra em Morro do Sabão, no Parolin. No dia 5 de dezembro de 2023, quatro casas foram incendiadas na Vila Pantanal, bairro Alto Boqueirão, justamente no quadrante da vila onde as casas não têm infraestrutura e regulamentação.
Tais situações são reveladoras dos desafios por uma política de regularização fundiária. Professora de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisadora do Observatório das Metrópoles, Madianita Nunes da Silva aponta que há relação entre riscos de incêndio, a precariedade das construções — geralmente de madeira e madeirite — e a ausência de regularização fundiária em várias regiões de Curitiba e arredores.
Em entrevista para o Brasil De Fato Paraná, Silva crítica à omissão histórica do Estado sobre o tema, a partir do reconhecimento da legitimidade dos espaços das áreas de ocupação.
“Seja o incêndio, seja as situações de precariedade que as ocupações informais vivenciam no seu cotidiano, o que tem relação com a falta de políticas integrais e integradas de favelas. Os pesquisadores têm se debruçado sobre o tema, do combate à precariedade habitacional em áreas populares. A urbanização integrada e integral tem alguns eixos de intervenção que deveriam ser enfrentados no desenho de políticas de urbanização de favelas”, aponta a pesquisadora.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Pedro Carrano