2º dia de julgamento

Defesa quer provar que Daniel Alves estava bêbado para reduzir pena, avalia imprensa espanhola

Uma testemunha chegou a mudar depoimento e disse que o jogador bebeu mais do que informado anteriormente

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Joana Sanz, esposa de Daniel Alves, chega ao local do julgamento acompanhada da mãe e de outros familiares do ex-jogador - Lluis Gene/AFP

A esposa do ex-jogador de futebol Daniel Alves, Joana Sanz, depôs nesta terça-feira (6), segunda sessão do julgamento do brasileiro, acusado de estupro, em um tribunal de Barcelona (Espanha). Ela disse que o jogador chegou em casa muito bêbado na madrugada de 30 para 31 de dezembro de 2022, quando teria acontecido a agressão sexual. Segundo a imprensa espanhola, o depoimento dela se alinha à atual estratégia de defesa de Daniel.

Segundo os jornais do país europeu, a defesa do ex-atleta quer usar a suposta embriaguez como atenuante em caso de condenação. Durante o depoimento, Joana disse que não se separou de Daniel, apesar de ter manifestado o desejo de encerrar a relação quando a acusação de estupro foi divulgada.

Ela garantiu que o jogador chegou em casa por volta de 4h30 da manhã (horário local) "muito bêbado, cheirando a álcool. Bateu em um armário e capotou na cama" no dia em que teria acontecido a agressão. "Não valia a pena conversar com ele naquela noite, era melhor deixar pro dia seguinte".

A imprensa espanhola destacou que, além de Joana Sanz, amigos de Daniel teriam reforçado a versão de que ele teria bebido além da conta na noite em que houve o episódio. Os depoimentos também teriam acontecido sob orientação dos advogados do ex-jogador.

Um dos amigos, Bruno Brasil, chegou a dizer durante as primeiras audiências de instrução sobre o caso que Daniel tinha tomado "meio copo" de champanhe. Desta vez, porém, disse que foram quatro copos na boate, além de vinho, whisky e gin tônica em outro local por onde passaram antes de chegar ao local da possível agressão.

Um dos funcionários da casa noturna também deu depoimento afirmando que Daniel "não estava normal". O depoente afirmou que o brasileiro era frequentador habitual da casa e que ele estava em condições diferentes das que apresentava normalmente.

O segundo dia de julgamento foi marcado também por depoimentos de policiais que atenderam a mulher que fez a acusação de estupro. Segundo uma das agentes, a jovem não queria fazer a denúncia e tinha medo de represálias por estar acusando uma pessoa famosa – Daniel jogou na Espanha em boa parte da carreira e se tornou um jogador reconhecido em todo o mundo.

Ainda segundo depoimento de policial, registrado nesta terça, a suposta vítima estava em estado de choque. Ainda assim, teria dado detalhes, dizendo que tinha havido uma relação sexual com penetração sem consentimento.

O caso

Daniel Alves deve ser ouvido nesta quarta (7), quando está prevista a última sessão do julgamento. Ele está preso desde 20 de janeiro do ano passado e já teve quatro pedidos de liberdade negados, pois a Justiça espanhola entendeu que havia risco de fuga para o Brasil, de onde ele não poderia ser extraditado.

Desde que foi preso e acusado, Daniel se contradisse diversas vezes. Ele chegou a negar qualquer relação e dizer que não conhecia a mulher que o acusa de estupro. Meses mais tarde, afirmou que teve relações sexuais sem penetração. E, em outro depoimento, reconheceu que houve penetração, e que tinha mentido antes para tentar preservar o casamento.

Por outro lado, a vítima e testemunhas apresentaram relatos coerentes (incluindo a descrição de tatuagens íntimas do jogador) e exames que indicaram lesões características de estupro. Imagens do local mostram que os dois ficaram cerca de 15 minutos dentro do banheiro da boate, onde teria ocorrido o ataque.

Se condenado, Daniel poderá ter de cumprir uma pena de até nove anos de prisão. Além disso, deverá pagar indenização de cerca de 150 mil euros à vítima.

Edição: Matheus Alves de Almeida