Encontro em Bogotá

Assessor de Biden visita a Colômbia e discute eleições presidenciais na Venezuela

Funcionário dos EUA e Petro tiveram encontro nesta terça-feira; governo colombiano é mediador do acordo de Barbados

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
EUA e Colômbia disseram ter conversado “em profundidade” sobre a situação do país vizinho e reafirmaram a importância de respeitar o acordo de Barbados - Presidência Colômbia

O assessor para assuntos internacionais dos Estados Unidos, Joe Finer, se reuniu nesta terça-feira (06) com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em Bogotá. Além de discutirem as relações bilaterais entre os países, os representantes também falaram sobre as eleições na Venezuela

Em declaração conjunta divulgada após o encontro, EUA e Colômbia afirmaram ter discutido “com profundidade” a situação eleitoral do país vizinho e reafirmaram a importância de respeitar as definições do acordo de Barbados, assinado entre o governo e um setor da oposição venezuelana.

O encontro acontece na esteira das ameaças estadunidenses de retomar sanções contra a indústria de petróleo e gás da Venezuela. Na semana passada, a Casa Branca anunciou a derrubada da primeira licença contra a mineradora estatal Minerven. O porta-voz do Departamento do Tesouro dos EUA, Matthew Miller, disse que o país pode suspender outras licenças caso o acordo não seja cumprido.

O governo brasileiro, que foi um dos mediadores dos diálogos que levaram à assinatura do documento em Barbados, também se pronunciou. Na segunda-feira (05), o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota reforçando o apoio do Brasil ao acordo. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, ligou para o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e para Gerardo Blyde, representante do grupo da oposição Plataforma Unitária. O Itamaraty também reforçou a posição contrária às sanções, “que violam o direito internacional e penalizam a população”.

Colômbia e Estados Unidos também falaram sobre a necessidade de “acelerar a implementação” do Acordo de Paz de 2016, assinado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Petro também atualizou o governo estadunidense sobre a atual situação das conversas entre governo e os grupos armados. As negociações fazem parte da política de “Paz total”, uma das prioridades do governo de Petro. 

Desde que assumiu em 2022, Petro tem como foco uma diálogo constante com grupos armados para reduzir os conflitos no país e proteger civis. O presidente transformou a Paz Total em uma política de Estado a partir da aprovação da lei 418, que firma o compromisso do Estado colombiano em manter contato para negociar o fim dos confrontos entre esses grupos.

Acordo de Barbados

O documento assinado entre governo e oposição da Venezuela em outubro de 2023 definia que seria estabelecido um calendário eleitoral e questões técnicas para o pleito de 2024. A reunião entre as duas partes definiu que as eleições serão realizadas no segundo semestre. A data está sendo discutida pelo Conselho Nacional Eleitoral e a Assembleia Nacional e deve ser divulgada até o fim dessa semana.

O acordo também estabeleceu que União Europeia, ONU (Organização das Nações Unidas) e o Centro Carter enviarão missões de observação para acompanhar a votação.

Em resposta ao acordo, a Casa Branca anunciou a retirada de uma série de sanções contra empresas venezuelanas dos setores de petróleo, gás e ouro. As medidas têm caráter temporário e envolvem negociações de títulos nacionais no mercado de ações e permissões à companhia aérea estatal venezuelana Conviasa, que foi liberada para voar aos EUA em missões de repatriação de migrantes.

A Casa Branca começou a negociar a retirada das sanções com Caracas depois de enfrentar problemas na demanda por combustíveis, mas exigiu um cronograma eleitoral para os alívios no bloqueio.
 

Edição: Lucas Estanislau