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Iphan faz vistoria no Teatro Oficina e afirma que não foi consultado sobre obras

Instituto lembra que qualquer intervenção no local deve ser previamente aprovada. Defensores do teatro veem retaliação

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Palco de montagens memoráveis, grupo está no local desde 1961 - Paulo Pinto/Agência Brasil

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou na tarde desta terça-feira vistoria de fiscalização no Teatro Oficina, em São Paulo, depois das notícias sobre alterações feitas pelo Grupo Sílvio Santos, que tem sede ao lado. No início da semana, além da retirada da chamada escada azul, o “vizinho” emparedou os Arcos do Beco, na fachada posterior do teatro. O Oficina fica na rua Jaceguai, bairro da Bela Vista, conhecido como “Bixiga”, na região central de São Paulo. Há quatro décadas enfrenta investidas do grupo empresarial.

“Por ser um bem tombado, qualquer intervenção no local precisa ser previamente aprovada pelo Iphan que, no entanto, não foi consultado”, informa o instituto, que é uma autarquia vinculada ao Ministério da Cultura. “A partir da vistoria, técnicos do Iphan irão produzir um parecer da situação e avaliar as alternativas e medidas cabíveis.”

Atitude 'truculenta'

Objeto de ação judicial há 10 anos, a escada azul liga a arena do Teatro Oficina ao terreno que pertence ao grupo Silvio Santos. Para o Oficina, foi uma atitude “truculenta” da empresa, que teria se antecipado à decisão judicial.

Há anos que os defensores do teatro, liderada pelo dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, se organizam pelo projeto do Parque do Rio Bixiga. O diretor do Oficina morreu no ano passado, em consequência de um incêndio. Para o teatro, o caso mostra “retaliação política” pelo esforço coletivo contra a especulação imobiliária. O Oficina está lá desde 1961.

Imóvel tombado

A Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), instaurou procedimento para apurar o emparedamento dos arcos. Já a retirada da escada teria sido autorizada, porque estaria fora da área tombada, segundo informou o Tribunal de Justiça (TJ) ao jornal O Estado de S.Paulo. O imóvel foi tombado pelo Iphan em 2010. Assim, qualquer intervenção no local ou no entorno, direta ou indireta, precisa passar pela autorização do instituto. Também foi tombado tanto em nível estadual como municipal.

No final do ano passado, prefeitura e MP anunciaram a destinação de R$ 51 milhões para a criação do parque, ao lado do teatro. Esse dinheiro deverá vir da Uninove. A universidade assinou termo com o Ministério Público relativo a uma ação civil pública, no valor de R$ 1 bilhão. É desse dinheiro que virá a compra do terreno destinado ao parque.