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'Podemos classificar como crise porque o fato é inusitado', diz secretário de Políticas Penais sobre fuga em presídio

Em coletiva concedida nesta quinta (15), André Garcia descreveu ações para recapturar fugitivos e evitar novas escapadas

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
André Garcia em 2017, quando era secretário de Segurança Pública do Espírito Santo - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O secretário Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), André Garcia, disse nesta quinta-feira (15) que a perícia sobre a fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró deve ser finalizada nesta sexta (16). Segundo ele, estão em andamento diferentes medidas de natureza administrativa, entre elas procedimentos de inteligência. A unidade ganhou os holofotes na quarta (14), depois que escaparam do local Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, e Rogério da Silva Mendonça, de 35, que seguem foragidos.

"Nesses momentos que a gente atua numa situação dessa, a gente pode classificar como uma crise no sistema prisional porque o fato é inusitado. É preciso ter muita prudência, muita capacidade de avaliar informação e agir de forma correta e com energia. É para isso que a gente está aqui", disse Garcia, durante coletiva de imprensa realizada em Mossoró (RN).

Esta foi a primeira ocorrência do tipo em um presídio de segurança máxima do sistema penitenciário federal. "Foram otimizados os esforços para dar subsídios aos procedimentos das nossas equipes de inteligência. A perícia deve ser concluída amanhã e isso vai nos fornecer mais elementos pra gente estabelecer a dinâmica [do crime]. Temos algumas conclusões, mas isso ainda é preliminar e não podemos divulgar pra não prejudicar o processo de investigação", disse Garcia.

Na quarta, horas após a fuga, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, determinou o afastamento imediato da então direção da penitenciária, que é um dos cinco presídios de segurança máxima do país. Em seu lugar foi nomeado como interventor o ex-diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) Carlos Luis Vieira Pires. Entre outras medidas, o MJSP também acionou a Direção-Geral da Polícia Federal para abertura de investigações e enviou peritos ao local. Segundo a pasta, as equipes envolvidas somam 100 agentes federais.

O secretário André Garcia destacou nesta quinta que a prioridade das equipes de segurança é o processo de recaptura dos fugitivos. "Não podemos detalhar. É óbvio que tem um perímetro [de atuação], vários recursos 24 horas por dia empenhados nessa busca, [além de] recursos de tecnologia, serviços de inteligência integrados, aeronaves, drones, inclusive com equipamentos que aferem a temperatura corporal, helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF), da Polícia Militar (PM) do Ceará, da PM do Rio Grande do Norte também, enfim. Todos os meios disponíveis estão à nossa disposição pra que a gente possa executar a tarefa da melhor forma possível."

André Garcia também disse que estão sendo tomadas providencias em relação à ampliação da segurança da Penitenciária Federal de Mossoró. "Diante de um evento desse, que deve ser irrepetível, estamos atuando junto à unidade prisional de modo a identificar todas as eventuais falhas nos procedimentos adotados, a fim de que elas não mais ocorram. Podemos classificá-las como medida de natureza cautelar, preventiva. E trouxemos um policial experiente pra atuar na direção da unidade", exemplificou.

Ele ratificou ainda que o Ministério da Justiça pediu à Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol, e ao Sistema de Proteção de Fronteiras que os nomes dos fugitivos sejam incluídos na lista de pessoas procuradas. "Isso não quer dizer que eles estejam fora do país, mas há sempre essa prevenção", pontuou.

Texto atualizado às 18h28.

Edição: Matheus Alves de Almeida