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Tradicional boteco na favela de Manguinhos (RJ) pede doações após perda total em incêndio

Boteco da Tia Lauzinha é hoje comandado pelo filho da saudosa matriarca falecida há dois anos

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Boteco da Lazinha (in memoriam) guarda grande tradição culinária e cultural para a comunidade de Manguinhos - Reprodução/Redes sociais

O tradicional Boteco da Tia Lauzinha na favela de Manguinhos, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, sofreu um incêndio na madrugada do último dia 16 de fevereiro. O local conhecido por toda comunidade como ponto de encontro com boa comida e cerveja gelada agora precisa da solidariedade dos amigos e clientes para se reerguer.

Uma campanha de arrecadação online busca dar conta do prejuízo. O valor será utilizado para compra de equipamentos destruídos pelo fogo e reparo de danos causados na infraestrutura do local. É possível contribuir com qualquer valor neste link. A meta da campanha é arrecadar R$ 50 mil para cobrir os custos da reforma. 

O filho de Lauzinha, Ricardo Araújo, que antes ajudava no bar aos finais de semana, agora comanda o negócio construído pela mãe Sebastiana Araújo, eterna Tia Lauzinha, falecida há dois anos.

"Infelizmente esse boteco que a partir da minha mãe virou nosso sustento, meu e da minha família, teve um curto-circuito e deu perda total. Perdi quatro freezers, ar-condicionado, parte elétrica. Estou usando recursos próprios, mas acabou. Já estou parado há duas semanas", conta.

História e raíz

Inaugurado há 40 anos na Rua Santana do Livramento, o boteco chefiado pela saudosa Tia Lauzinha foi homenageado em literatura de cordel pela Fiocruz, que retratou atores culturais e sociais marcantes da história de Manguinhos. "Tira-gosto e almoço / A comida é bem servida / Um bom papo, uma risada / Coisas boas dessa vida / No boteco chefiado / Por pessoa tão querida", descreve o cordel. 

Além disso, Lauzinha recebeu moção de reconhecimento e louvor da Câmara de Vereadores do Rio. A matriarca era personalidade conhecida na comunidade pela sua responsabilidade social, sobretudo com as crianças que aconselhava, e pelos eventos culturais que movimentavam toda a rua do boteco.

O boteco era palco de festas juninas, rodas de samba e distribuição de doce no Dia da Crianças. Um dos eventos mais aguardados do ano era a famosa Feijoada do Guerreiro, que todo 23 de abril reunia mais de mil pessoas em homenagem ao Dia de São Jorge, Ogum nas religiões afro-brasileiras.

"O bar virou um polo cultural, as pessoas falam da rua da Tia Lauzinha que virou uma referência. Hoje Manguinhos tem a Fiocruz, que cumpre um papel importante para o bairro, tem a igreja projetada pelo Oscar Niemeyer [Igreja São Daniel], que é tombado como patrimônio cultural, e o boteco da Lauzinha é uma das atrações também, onde você vai para um lugar pacífico comer e beber bem", completa Ricardo Araújo.

Além da campanha de arrecadação online, o bar também recebe doações no PIX pelo CNPJ do bar (52107155000125). O boteco na Rua Santana do Livramento, nº 17, permanece fechado após a tragédia.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse