Não é caso isolado

Na região metropolitana do Rio, 44 entregadores foram baleados e 36 morreram nos últimos 8 anos

Entregador Nilton Ramon de Oliveira, baleado por um PM na última segunda (4), segue internado em estado grave

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
PM exigiu que o entregador entrasse no condomínio e subisse até o local onde mora para fazer a entrega - Foto: Jorge Leão

O caso do entregador de aplicativo Nilton Ramon de Oliveira, de 24 anos, que foi baleado na coxa, na última segunda-feira (4), em Vila Valqueire, na zona Oeste do Rio de Janeiro, tomou conta do noticiário desta semana. No entanto o episódio não é isolado. Nos últimos oito anos, 44 entregadores e motoboys foram baleados na região metropolitana do Rio de Janeiro. Desse total, 36 morreram. Os dados fazem parte de um levantamento do Instituto Fogo Cruzado.

Nilton foi atingido pelo cabo da Polícia Militar Roy Martins Cavalcanti, que exigia que o entregador entrasse no condomínio e subisse até o local onde mora para fazer a entrega. Nilton explicou que não era obrigado a subir. Após discussão, Roy seguiu o entregador até a loja localizada na Praça Saiqui e disparou contra ele. 

O entregador deu entrada no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio, na noite desta segunda-feira (4). O disparo atingiu a veia femoral de Nilton, responsável por garantir a o transporte do sangue dos membros inferiores até a veia cava, a principal do corpo humano. Ele passou por duas cirurgias, quando chegou na unidade e foi entubado, depois na tarde da última terça-feira (5).

Segundo informações do jornal O Dia, ele apresentou uma leve melhora, chegou a abrir os olhos e conversar com familiares. No entanto, seu quadro de saúde ainda é considerado grave.

Após ter disparado contra Nilton, o PM responsável teria prestado os primeiros socorros e ido embora em seguida. O Corpo de Bombeiros foi acionado e encaminhou a vítima à unidade de saúde. Segundo a Polícia Civil, imagens do fato estão sendo analisadas e testemunhas serão ouvidas. O caso foi encaminhado para a 28ª DP (Praça Seca). Investigações estão em andamento para esclarecer os fatos. A Corregedoria-Geral da PM também acompanha o caso.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse